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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A VERDADE, A REENCARNAÇÃO E A DOUTRINA ESPÍRITA

Artigo reproduzido na edição de abril de 1862 da REVISTA ESPÍRITA reflete a opinião de Allan Kardec sobre a relação entre a proposta espírita e os questionamentos naturais no estágio evolutivo de muitos habitantes do Planeta a respeito da incompreendida visão da reencarnação e a Verdade. Diz ele: -“O Espiritismo vem, (...) não como uma religião, mas como doutrina filosófica, trazer a sua teoria, apoiada no fato das manifestações. Ele não se impõe; não exige confiança cega; entra no número dos concorrentes e diz: Examinai, comparai e julgai; se achardes algo melhor do que isto que vos dou, tomai-o. Ele não diz: Venho destruir os fundamentos da religião e substituí-la por um culto novo. Diz: Não me dirijo aos que creem e se acham satisfeitos com suas crenças, mas aos que abandonam as vossas fileiras pela incredulidade e que não os soubestes ou pudestes reter. Venho dar-lhes, sobre as verdades que repelem, uma interpretação capaz de satisfazer sua razão e que os leva a aceitá-la. E a prova de que o consigo é o número dos que tiro do atoleiro da incredulidade. Todos vos dirão: Se me tivessem ensinado essas coisas assim desde a infância, jamais teria duvidado; agora creio, porque compreendo. Deveis repeli-los, porque aceitam o espírito e não a letra? o princípio, e não a forma? Sois livres; se vossa consciência faz disto um dever, ninguém pensará em violentá-la; mas não digo apenas que isto seria um erro; digo mais: seria uma imprudência. Como dissemos, a vida futura é o objetivo essencial de toda doutrina moral. Sem a vida futura, a moral carece de base. O triunfo do Espiritismo está precisamente na maneira pela qual apresenta o futuro; além das provas que oferece, o quadro que apresenta é tão claro, tão simples, tão lógico, tão conforme a justiça e à bondade de Deus, que involuntariamente dizemos: Sim, é bem assim que deve ser; é assim que eu imaginava; e, se não havia acreditado, é porque me tinham mostrado a vida futura de outro modo. Mas, o que é que dá à teoria do futuro um tal poder? o que é que lhe granjeia tantas simpatias? É, dizemos nós, a sua lógica inflexível, que resolve todas as dificuldades até então insolúveis; e isto ela o deve ao princípio da pluralidade das existências. Com efeito, suprimi este princípio e milhares de problemas, cada qual mais insolúveis, se apresentarão imediatamente. A cada passo nos chocaremos contra inúmeras objeções. Essas objeções não eram suscitadas antigamente, isto é, ninguém pensava nelas. Mas hoje, que a criança se fez homem, quer ir ao fundo das coisas; quer ver claro o caminho por onde é conduzido; sonda e pesa o valor dos argumentos que lhe apresentam e, se estes não lhe satisfazem à razão ou o deixam no vago e na incerta, rejeita-os, aguardando coisa melhor. A pluralidade das existências é uma chave que descortina horizontes novos, que dá uma razão de ser a uma multidão de coisas incompreendidas e que explica o inexplicável. Ela concilia todos os acontecimentos da vida com a justiça e a bondade de Deus. Daí por que os que haviam chegado a duvidar dessa justiça e dessa bondade agora reconhecem o dedo da Providência onde o tinham ignorado. Efetivamente, sem a reencarnação, a que atribuir as ideias inatas? como justificar o idiotismo, o cretinismo, a selvageria, ao lado do gênio e da civilização? a profunda miséria de uns, ao lado da felicidade de outros? as mortes prematuras e tantas outras coisas? Do ponto de vista religioso, certos dogmas, como o do pecado original, o da queda dos anjos, a eternidade das penas, a ressurreição da carne, etc., encontram neste princípio uma interpretação racional, levando à aceitação do seu espírito justamente por aqueles que repeliam a letra. Em resumo, o homem atual quer compreender. O princípio da reencarnação ilumina o que estava obscuro. Eis por que dizemos que este princípio é uma das causas que faz com que o Espiritismo seja acolhido favoravelmente. Dir-se-á que a reencarnação não é necessária para crer nos Espíritos e em suas manifestações; e a prova disto é que há crentes que não a admitem. É verdade. Também não dissemos que não se possa ser bom espírita sem crer na reencarnação. Não somos daqueles que atiram pedras aos que não pensam como nós. Apenas dizemos que eles não abordaram todos os problemas levantados pelo sistema unitário, sem o que teriam reconhecido a impossibilidade de lhes dar uma solução satisfatória. A ideia da pluralidade das existências a princípio foi acolhida com assombro, com desconfiança; depois, pouco a pouco as pessoas se familiarizaram com ela, à medida que reconheciam a impossibilidade de, sem ela, saírem das inúmeras dificuldades suscitadas pela psicologia e pela vida futura. Uma coisa é certa: esse sistema ganha terreno diariamente, enquanto o outro o perde. 

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