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domingo, 3 de maio de 2015

A FRENTE DE SEU TEMPO

No número de dezembro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inseriu uma mensagem escrita pelo Espírito Francois-Nicolas Madeleine que em sua encarnação terminada um ano antes em Paris, também era conhecido como Cardeal  Morlot, em reunião da Sociedade Espírita de Paris  de 9 de outubro expondo seu ponto de vista a respeito do Apóstolo Paulo demonstrando nos fragmentos de cartas por ele escritas à sua época ser um precursor do Espiritismo. Entre suas considerações podemos destacar: -“O grande apóstolo Paulo, que outrora tanto contribuiu para o estabelecimento do Cristianismo por sua prédica poderosa, vos deixou monumentos escritos, que servirão, não menos energicamente, à expansão do Espiritismo. (...) O sopro que passa nas suas Epístolas, a santa inspiração que anima seus ensinos, longe de ser hostil à vossa Doutrina, está cheia de singulares previsões em vista do que acontece hoje. É assim que, na sua primeira Epístola aos Coríntios, ele ensina que, sem a caridade, não existe nenhum homem, ainda que fosse santo, profeta e transportasse montanhas, que se possa gabar de ser um verdadeiro discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como os Espíritas, e antes dos Espíritas, foi o primeiro a proclamar esta máxima que vos constitui uma glória: -Fora da caridade não há salvação! Mas não é apenas por este lado que ele se liga à doutrina que nós vos ensinamos e que hoje propagais. Com aquela alta inteligência que lhe era , tinha previsto o que Deus reservava para o futuro e, notadamente, esta transformação, esta regeneração da fé cristã, que sois chamados a assentar profundamente no espírito moderno, pois descreve, na citada Epístola, e de maneira indiscutível, as principais faculdades mediúnicas, que chama os dons abençoados do Espírito Santo”.  Considerando que o surgimento da Doutrina Espírita dar-se-ia 19 séculos depois, conclui-se ser sua condição espiritual muito além de seu tempo. Ao final da transcrição, por sinal, Allan Kardec inclui alguns trechos da Primeira Epístola aos Coríntios, referendando as palavras de Francois-Nicolas, como por exemplo, “nem toda a carne é uma mesma carne; mas uma certamente é a dos homens, e outra a dos animais; uma das aves, e outra a dos peixes”; ou “e corpos há celestiais, e corpos terrestres; mas uma é por certo a glória dos celestiais, e outra a dos terrestres. Uma é a claridade do Sol, outra a claridade da Lua, e outra a claridade das estrelas; e ainda há diferença de estrela a estrela na claridade; ou ainda“ é semeado o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Se há corpo animal, também há o espiritual, assim como está escrito”, e, por fim, “mas digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem possuir o Reino de Deus, nem a corrupção possuirá a incorruptibilidade”. Raciocinando sobre tais trechos, Kardec escreve:-“Que  pode ser este corpo espiritual, que não é corpo animal, senão o corpo fluídico, cuja existência é demonstrada pelo Espiritismo, o períspirito, de que a alma é revestida após a morte? Com a morte do corpo, o Espírito entra em confusão; por um instante perde a consciência de si mesmo; depois recupera o uso de suas faculdades, renasce para a vida inteligente; numa palavra, ressuscitará com o seu corpo espiritual. O último parágrafo, relativo ao Juízo Final, contradiz positivamente a doutrina da ressurreição da carne, pois diz: a carne e o sangue não podem possuir o Reino de Deus. Assim, os mortos não ressuscitarão com sua carne e seu sangue, e não necessitarão reunir seus ossos dispersos, mas terão seu corpo celeste, que não é corpo animal. Se o autor do Catecismo Filosófico   tivesse meditado bem o sentido destas palavras, teria evitado fazer notável calculo matemático, a que se entregou, para provar que todos os homens mortos desde Adão, ressuscitando em carne e osso, com seus próprios corpos, poderiam caber perfeitamente no Vale de Josafá, sem muito incômodo. Assim, São Paulo estabeleceu em princípio e em teoria o que ensina o Espiritismo sobre o estado do homem após a morte. Mas São Paulo não foi o único a pressentir as verdades ensinadas pelo Espiritismo. A Bíblia, os Evangelhos, os Apóstolos, os Pais da Igreja delas estão cheias, de sorte que condenar o Espiritismo é negar as autoridades mesmas sobre as quais se apoia a religião. Atribuir todos os seus ensinamentos ao demônio é lançar o mesmo anátema sobre a maioria dos autores sacros. Assim, o Espiritismo não vem destruir, mas, ao contrário, restabelecer todas as coisas, isto é, restituir a cada coisa seu verdadeiro sentido”.

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