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sexta-feira, 6 de março de 2015

PARECE MENTIRA



A jovem demonstrando sinais de subnutrição, perturbação e desequilíbrios orgânicos de vulto, pediu ajuda ao pequeno Centro Espírita de seu conhecimento. Avaliado pelos Benfeitores Espirituais ali em atividade, foi diagnosticada a ação de um indivíduo desencarnado tempos antes, com quem ela nutrira relacionamento afetivo, interrompido pela morte prematura e inesperada do mesmo, aparentemente por suicídio após retornar de extenuantes quatro dias ininterruptos dedicados às festividades carnavalescas. Preparando-se para banho refazedor, adormeceu após ligar o gás, inalando a substância letal que o expulsaria do corpo físico. Desenfaixando-se da veste carnal, com o pensamento enovelado à paixão por ela, esta sintonizou com ele, a ponto de retê-lo junto de si com aflições e lágrimas, que passou a vampirizar-lhe o corpo. Desarvorado diante da desencarnação, adaptou-se ao organismo da mulher amada que passou a obsidiar, nela encontrando novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca e vitalizando-se com os alimentos comuns por ela utilizados. Nessa simbiose, viviam ambos, há quase cinco anos sucessivos, o que a levou em face de sua debilidade a procurar socorro. O quadro, a princípio, sugeria o afastamento dos fluidos que a envolviam, o que exigia o diálogo esclarecedor do desencarnado nos trabalho especializados conhecidos como de desobsessão. Através de uma das mais bem preparadas médiuns do pequeno grupo, o solteirão desencarnado que não guardava consciência da própria situação, dialogou de forma tensa e áspera, com o dirigente do grupo, reviu cenas de sua própria intimidade num aparelho denominado “condensador ectoplásmico”, o qual condensando em si os raios de força projetados pelos componentes da reunião, reproduz as imagens que fluem do pensamento da entidade comunicante, facilitando o trabalho do esclarecedor que as recebe em seu campo intuitivo, auxiliado pelas energias magnéticas do Plano Espiritual. Por fim, defrontando-se com as ignoradas consequências das suas derradeiras ações no Plano dos encarnados, entrou em crise emotiva que obrigou sua retirada do recinto    para a transferência para organização próxima para que fosse convenientemente abrigado. O mais curioso, contudo, se verificaria na madrugada que se seguiu, segundo relato do Espírito André Luiz, através do médium Chico Xavier. Acompanhando o Instrutor Espiritual que introduzia ele, e seu amigo Hilário nos assuntos da mediunidade, partiram para atender pedido de conhecido a ele dirigido em favor de um dos assistidos na reunião de horas antes. Narra André Luiz que a breve tempo, penetraram nebulosa região, dentro da noite. Os astros desapareceram de seus olhos. Teve a impressão de que o piche gaseificado era o elemento preponderante naquele ambiente. Em derredor, proliferavam soluções e imprecações, mas a pequenina lâmpada que um cicerone empunhava, auxiliando-os, não lhes permitiam enxergar senão trilho estreito que lhes cabia percorrer. Findos alguns minutos de marcha, atingiram uma construção mal iluminada, em que vários enfermos se demoravam, sob a assistência de enfermeiros atenciosos. Entraram, cientificando-se estar em hospital de emergência, dos muitos que se estendem nas regiões purgatoriais. Tudo pobreza, necessidade, sofrimento... Aproximaram-se, por fim, da entidade tratada, entre outras, no trabalho de horas antes, sendo informados que o doente denotava crescente angústia. Auscultado, o especialista acompanhado por André Luiz, informou: -“O pensamento da irmã encarnada que o nosso amigo vampiriza está presente nele, atormentando-o. Acham-se ambos sintonizados na mesma onda. É um caso de perseguição recíproca. Os benefícios recolhidos no grupo estão agora eclipsados pelas sugestões arremessadas de longe”. Em meio a alguns comentários, o doente fizera-se mais angustiado, mais pálido, parecendo registrar uma tempestade interior, pavorosa e incoercível. Mal acabara o orientador de formular o seu prognóstico sobre a vizinhança da irmã que se lhe apoderou da mente, tornando-o mais dominado, mais aflito, a pobre mulher desligada do corpo físico pela atuação do sono, apareceu à frente do grupo, reclamando feroz: -Libório!. Libório! Porque te ausentaste? Não me abandones! Regressemos para nossa casa! Atende!. Atende!”... Era a mesma jovem que recorrera ao Centro em busca de socorro, e que na manhã seguinte acordará lembrando-se vagamente de haver sonhado com a antiga paixão. Ante a surpresa quase surreal, o Benfeitor ponderou que o auxílio solicitado “era o que ela julga querer. Entretanto, no íntimo, alimenta-se com os fluidos enfermiços do companheiro desencarnado e apega-se a ele, instintivamente. Milhares de pessoas são assim. Registram doenças de variados matizes e com elas se adaptam para mais segura acomodação com o menor esforço. Dizem-se prejudicadas e inquietas, todavia, quando se lhes subtrai a moléstia de que se fazem portadoras, sentem-se vazias e padecentes, provocando sintomas e impressões com que evocam as enfermidades a se exprimirem, de novo, em diferentes manifestações, auxiliando-as a cultivar a posição de vítimas, na qual se comprazem”.

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