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terça-feira, 24 de março de 2015

É POSSIVEL PREVER O FUTURO? COMO?

A resposta Allan Kardec apresentou em curioso artigo na edição de maio de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Escreveu ele: -“Diz-se que as coisas futuras não existem; que ainda estão no nada. Então como saber se acontecerão? Contudo são muito numerosos os exemplos de predições realizadas, de onde concluir-se que aí se passa um fenômeno cuja chave não se tem, pois não há efeito sem causa. Essa causa, que tentaremos achar, ainda é o Espiritismo, também chave de tantos mistérios, que nô-la fornecerá e, além disso, mostrar-nos-á que o próprio fato das predições não sai das Leis Naturais. Como comparação, tomemos um exemplo nas coisas usuais e que auxiliará a compreender o princípio que temos de desenvolver. Suponhamos um homem colocado no alto de uma montanha, considerando a vasta extensão da planície. Nessa situação pouco será o espaço de um quilometro, e facilmente poderá ele abarcar de um golpe de vista todos os acidentes do terreno, do começo ao fim da estrada. O viajante que, pela primeira vez, percorre essa estrada, sabe que marchando chegará ao fim. Isso é simples previsão da consequência de sua marcha. Mas os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os riachos a transpor, as matas a atravessar, os precipícios onde pode cair, os ladrões postados para o assalto, as hospedarias onde poderá descansar, tudo isto independe de sua pessoa: é para ele desconhecido o futuro, porque sua vista não vai além do pequeno círculo que o envolve. Quanto a duração, mede-a pelo tempo consumido em percorrer o caminho. Tirai-lhes os pontos de referência e apaga-se a duração. Para o homem que está na montanha e que acompanha o viajante com o olhar, tudo isto é presente. Suponhamos esse homem descendo e que diga ao viajante: -“Em tal momento encontrareis essa coisa; sereis atacado e socorrido”. Ele predirá o futuro. O futuro é para o viajante; para o homem da montanha é o presente. Agora se sairmos do circulo das cosas puramente materiais e, por pensamento, entrarmos no domicílio da Vida Espiritual, veremos esse fenômeno reproduzir-se em escala muito maior. Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; para ele apagam-se espaço e tempo. Mas a extensão e a penetração de sua vista são proporcionais à sua depuração e à sua elevação na hierarquia espiritual; em relação aos Espíritos inferiores, são como o homem armado de poderoso telescópio, ao lado do que tem os olhos nus. Nestes últimos a vista é circunscrita, não só porque dificilmente podem afastar-se do Globo a que estão ligados, mas porque a grossura de seu períspirito vela as coisas afastadas, como a garoa para os olhos do corpo. Compreende-se, pois, que, conforme o grau de perfeição, um Espírito possa abarcar um período de alguns anos, alguns séculos e, até, de milhares de anos, porque o que é um século ante a Eternidade? Ante ele os acontecimentos não se desenrolam sucessivamente, como os incidentes da estrada do viajante; vê simultaneamente o começo e o fim do período; todos os acontecimentos que, nesse período são o futuro para o homem da Terra, para ele são presente. Poderia ele, pois, vir dizer-nos com certeza: Tal coisa acontecerá em tal momento, porque vê essa coisa como o homem da montanha vê o que espera o viajor na estrada. Se não o diz, é porque o conhecimento do futuro seria nocivo ao homem; entravaria o seu livre arbítrio; paralisá-lo-ia no trabalho que deve realizar para o seu progresso. Sendo-lhe desconhecidos o Bem e o mal que o esperam, o são para a sua provação. Se uma faculdade, mesmo restrita, pode estar nos atributos da criatura, a que grau de poder deve ela elevar-se no Criador, que abarca o Infinito? Para ele o tempo não existe; o começo e o fim do mundo são o presente. Nesse imenso panorama, que é a duração da vida de um homem, de uma geração, de um povo? Contudo, como deve o homem concorrer para o progresso geral, e certos acontecimentos devem resultar de sua cooperação, em certos casos pode ser útil que pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o caminho e estar pronto a agir quando chegar o momento. Eis porque, às vezes, Deus permite seja levantada a ponta do véu; mas é sempre com um fim útil e jamais para satisfazer uma vã curiosidade. Assim, essa missão pode ser dada, não a todos os Espíritos, pois alguns não conhecem o futuro melhor que os homens, mas a alguns Espíritos suficientemente adiantados para isto. Ora, é de notar que essas espécies de revelações sempre são feitas espontaneamente e jamais ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta”.

                                                                                                        

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