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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

DÚVIDA NATURAL

Ao final de palestra, jovem questiona se associação da dita civilização com grupos humanos ainda vivendo em tribos, harmonicamente, com cultura e tradições próprias e respeito à natureza é realmente correta? Não seria melhor deixa-los viver como o fazem, sem os contaminar com uma sociedade decadente? Curiosamente indagação parecida foi tema de matéria na REVISTA ESPÍRITA de agosto de 1864, seção QUESTÕES E PROBLEMAS, em que Allan Kardec atende leitor da cidade de Bordeaux, em dúvida após ter lido matéria publicada sobre as Cartas de Cristóvão Colombo descrevendo o estado do México no momento da descoberta, especialmente no tocante aos habitantes locais que pareciam viver numa idade de ouro, em perfeita harmonia entre si e a natureza, infinitamente superiores  não só aos invasores como aos países mais civilizados.  Médium, tentou a opinião do seu guia espiritual, obtendo como resposta: -“Nós te responderíamos com prazer, se teu Espírito estivesse em estado de tratar, neste momento, de assunto tão sério, que requer alguns desenvolvimentos espírito-filosóficos. Dirige-te a Kardec. Esta ordem de ideias já foi debatida, mas ela voltar-se-á de maneira mais lucida do que poderias fazê-lo, porque sempre tens o espírito tenso e o ouvido à espreita. É uma consequência de tua posição atual e tens que te submeter”. Sobre a orientação Allan Kardec comenta: -“Disso ressalta uma primeira instrução: é que não basta ser médium, mesmo formado e desenvolvido, para, à vontade, obter comunicações sobre o primeiro assunto surgido. Aquele fêz suas provas, mas, no momento, seu Espírito, forte e penosamente preocupado com outras coisas, não podia ter a calma necessária. É assim que mil circunstâncias podem opor-se ao exercício da faculdade mediúnica. Nem por isso a faculdade deixa de subsistir, mas nada é sem o concurso dos Espíritos, que lhe dão, ou recusam, conforme julgam conveniente e isto, muitas vezes no interesse do médium”. Sobre a pergunta principal, a Espiritualidade se manifestou na reunião da Sociedade Espírita de Paris de 8 de julho, através do médium Sr. D’Ambel, esclarecendo o seguinte: -“Sob as aparências de uma certa bondade natural, e com costumes mais doces que virtuosos, os Incas viviam despreocupadamente, sem progredir nem se elevar. A essas raças primitivas faltava a luta; e se as batalhas sangrentas não os dizimavam; se uma ambição individual ali não exercia uma pressão soberana para lançar aquelas populações a conquistas, elas não eram menos atingidas pelo perigoso vírus que conduzia sua raça à extinção. Era preciso retemperar as fontes vitais desses Incas abastardados, dos quais os Aztecas representavam a decadência fatal, que deveria atingir todos aqueles povos. Se a essas causas inteiramente fisiológicas, juntarmos as causas morais, notaremos que o nível das ciências e das artes ali tinha igualmente ficado em prolongada infância. Havia, pois, utilidade de por esses países pacíficos no nível das raças ocidentais. Hoje se julga a raça desaparecida, porque se fundiu com a dos conquistadores espanhóis. Dessa raça cruzada surgiu uma Nação nova e vivaz que, por um vigoroso impulso, não tardará a atingir os povos do Velho Continente. Que resta de tanto sangue derramado? perguntam de Bordeaux. Para começar, o sangue derramado não foi tão considerável quanto se poderia crer. Antes as armas de fogo e alguns soldados de Pìzarro, toda a região invadida submeteu-se como ante semi-deuses, saídos das águas. É quase um episódio da Mitologia Antiga e essa raça indígena é, sob vários aspectos, semelhante às que defendiam o Tosão de Ouro”. Em comentário complementar, Allan Kardec, entre outros aspectos, pondera: -“Sem dúvida, é penoso pensar que o progresso, por vezes, precisa de destruição. Mas é preciso destruir as velhas cabanas, substituindo-as por casas novas, mais belas e cômodas. Aliás, é preciso levar em conta o estado atrasado do Globo, onde a Humanidade está apenas no progresso material e intelectual. Quando entrar no do progresso moral e espiritual, as necessidades morais ultrapassarão as necessidades materiais. Os homens serão governados segundo a Justiça e não mais terão que reivindicar seu lugar à força. Então a guerra e a destruição não mais terão razão de ser. Até lá, a luta é consequência de sua inferioridade moral. Vivendo mais material que espiritualmente, o homem não encara as coisas senão do ponto de vista atual e material e, por isso, limitado. Até agora, ignorou que o papel capital é do Espírito: viu seus efeitos, mas não conheceu as causas e é por isto que, durante tanto tempo, desencaminhou-se nas ciências, nas suas instituições e religiões. Ensinando-lhe a participação do elemento espiritual em todas as coisas do mundo, o Espiritismo alarga seu horizonte e muda o curso de suas ideias. Abre a Era do progresso moral”.

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