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domingo, 27 de julho de 2014

UMA DAS UTILIDADES DO ESPIRITISMO

Não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho” comentou certa ocasião, Chico Xavier, acrescentando que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”. Na edição de junho de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta interessante artigo de sua autoria intitulado EFEITOS DE DESESPERO em que expõe seu ponto de vista sobre o problema, demonstrando a utilidade que tem as ideias espíritas diante do problema.  Começa considerando que “seriam necessários volumes, para registar, de todos os trágicos acidentes causados pelo desespero, só aqueles que chegam ao conhecimento do público. Quantos suicídios, doenças, mortes involuntárias, casos de loucura, atos de vingança e, até, crimes, não produz ele todos os dias! Uma estatística muito instrutiva seria a das causas primeiras que levaram aos desarranjos do cérebro; e ver-se-ia que nela entra o desespero ao menos com oitenta por cento”. Lista, para exemplificar, três fatos ocorridos meses antes, dois dos quais noticiados pelo conceituado jornal Siècle. O primeiro na edição de 17 de fevereiro comunicando a morte de um homem chamado Laferrière, Inspetor Geral das faculdades de Direito da França e que, apesar de ter sentimentos religiosos, mergulhou em profunda depressão pela morte de sua única filha de 21 anos, poucos dias após ser acometida por arrebatadora doença; o segundo, objeto de matéria em 1º de março, falando da morte por suicídio do empresário do ramo de transportes Sr Léon L., de 25 anos, após o falecimento de sua esposa a quem amava apaixonadamente e com quem se casara dois anos antes. O terceiro, enviado por um correspondente da REVISTA, relata o caso de uma mulher que perdeu o marido, morte atribuída à imperícia do médico que o tratara. A viúva tomou-se de tal ressentimento contra ele, que o perseguia incessantemente com ameaças, dizendo-lhe, por toda parte onde o encontrava: - “Carrasco, não morrerás senão por minha mão!”. O conceito de ser muito piedosa e religiosa não a impedia de agir de forma tão perturbada, o que levou o médico a dirigir-se às autoridades, para sua própria segurança. Moradora de cidade que contava com numerosos adeptos do Espiritismo, ouviu de um de seus amigos que era espírita a pergunta: - “Que pensaríeis se um dia pudésseis conversar com vosso marido?”, ouvindo dela que “se tivesse a certeza de não o haver perdido para sempre, consolar-me-ia e esperaria”. Em breve lhe deram a prova. Seu próprio marido lhe veio dar conselhos e consolo e por sua linguagem ela não pôde conservar nenhuma dúvida quanto à sua presença ao seu lado. Desde então uma revolução completa operou-se em seu espírito: a calma sucedeu ao desespero e as ideias de vingança deram lugar à resignação, fazendo com que ela, oito dias depois, fosse à casa do médico, desculpando-se e se reconciliando com ele. Finalizando a matéria escreve Kardec:- “Inútil dizer que o médico aceitou bem a retratação apressando-se em saber a causa misteriosa a que daí em diante devia a sua tranquilidade. Assim, sem o Espiritismo, essa senhora talvez houvesse cometido um crime, apesar de tão religiosa. Isso prova a inutilidade da religião? De modo algum; mas apenas a insuficiência das ideias que ela dá do futuro, apresentando-o tão vago que em muitos deixa uma espécie de incerteza, ao passo que o Espiritismo, fazendo que, por assim dizer, se o toque com o dedo faz nascer na alma uma confiança e uma segurança mais completas. Ao pai que perdeu sua filha, que perdeu seu pai, ao marido que perdeu a esposa adorada, que consolação dá o materialista? Diz ele: Tudo acabou. Do Ser que vos era tão caro nada resta, absolutamente nada além desse corpo que em pouco estará dissolvido. Mas de sua inteligência, de suas qualidades morais, da instrução adquirida, nada; tudo isto é o nada; vós o perdestes para sempre. Diz o Espírita: De tudo isto nada é perdido; tudo existe; só há de menos o invólucro perecível; mas o Espírito desprendido de sua prisão é radiante; está aí, junto de vós, vendo-vos, escutando e esperando. Oh! Quanto mal fazem os materialistas, inoculando por seus sofismas o veneno da incredulidade! Jamais amaram. Do contrário poderiam ver com sangue frio os objetos de suas afeições reduzidas a um monte de pó? Assim, parece que para eles é que Deus reservou seus maiores rigores, pois nós os vemos todos reduzidos à mais deplorável posição no Mundo dos Espíritos, e Deus é tanto menos indulgente para com eles quanto mais perto estiveram de se esclarecer”. 



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