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sexta-feira, 4 de março de 2016

UM CASO DE APARIÇÃO

Sem os extraordinários recursos disponíveis na atualidade, a forma de comunicação dominante até quase o final do século 19 eram as cartas. Referência para os que em grande parte da Europa, algumas regiões da África e Américas deparavam-se com fenômenos espirituais, Allan Kardec,  já em 1862,  revelava receber uma média de dez cartas por dia, encontrando dificuldades para responder a maioria que objetivavam esclarecer dúvidas facilmente elucidáveis nas OBRAS BÁSICAS até então lançadas. Inúmeros relatos de ocorrências, contudo, lhe chegavam ao conhecimento. No número de dezembro de 1867, Allan Kardec, por exemplo, inclui entre as matérias da REVISTA ESPÍRITA, uma sobre curioso fato reportado por um dos um dos correspondentes de Oloron (Baixo Pirineus, sudoeste extremo da França Metropolitana): -“Pelo fim do mês de dezembro de 1866, não longe do vilarejo de Monin, uma camponesa de vinte e quatro anos, chamada Marianne Coubert, estava ocupada em juntar folhas num prado, perto da casa onde mora com seu pai, de sessenta e quatro anos, e uma irmã de vinte e nove. Desde alguns instantes, um velho de estatura média, vestido à camponesa, já se mantinha no canto do gradeado que dá passagem para o prado. De repente, ele chamou a jovem, que logo se aproxima, e pergunta se ela lhe podia dar uma esmola. “ – Mas que vos poderia dar? perguntou ela. Nada tenho; a não ser que queirais aceitar um pedaço de pão. “ – O que quiserdes, replicou o velho. Aliás, podeis ficar tranquila, ele não vos faltará. “E a camponesa apressou-se em ir buscar o pedaço de pão. Ao retornar, disse-lhe o velho: “– Há muito tempo que já me respondestes. “– Como, respondeu a camponesa atônita, vos podia responder? Ainda não me tínheis chamado.– Eu não vos tinha chamado, é verdade, mas meu Espírito se havia transportado para vós, tinha penetrado o vosso Espírito e foi assim que conheci previamente as vossas intenções. Também parei diante de outra casa, lá embaixo; meu Espírito entrou e conheci as disposições pouco caridosas dos que ali habitam. Por isso pensei que seria inútil ali pedir alguma coisa. Se aquelas pessoas não mudarem, se continuarem a não praticar a caridade, muito terão a lamentar. Quanto a vós, jamais recuseis dar esmola, e Deus vos levará em conta os vossos sentimentos e vos dará muito além do que tiverdes dado aos infelizes... Estais doente dos olhos? “ – Ah! sim, respondeu a camponesa, a maior parte das vezes minha vista é tão fraca que não posso me dedicar aos trabalhos do campo. “ – Pois bem! continuou o velho, eis um par de óculos com os quais vereis perfeitamente. Tendes uma irmã que amastes muito e que morreu há oito anos e quatro meses. “– É verdade, respondeu a camponesa, cada vez mais atônita. “ – Vossa mãe morreu há um ano. “– É verdade, continuou ela, ainda mais espantada. (...) -Ambas se encontram num lugar onde são felizes e onde as revereis um dia. Antes de vos deixar, tenho algo a vos recomendar: ide à casa de tal pessoa (uma moça de má conduta, que tinha vários filhos) e pedi-lhe que vos deixe levar um de seus filhos, que educareis até a época de sua primeira comunhão. Enfim, eis um missal que deveis guardar preciosamente, e ao qual está ligado uma graça para todos os que o tocarem. As pessoas que vos vierem ver deverão, ao chegar e ao partir, dizer dois Pater e duas Ave (...). Entre essas pessoas, cujo número aumentará de dia para dia de modo considerável, há os que rirão, que zombarão; a estes não conteis nada. Não deixeis de recomendar à pessoa, na casa de quem deveis pegar o menino, que se converta, pois não creio que ela viva ainda muito tempo. Previno-vos que tereis uma grave moléstia pelo fim do mês de março; não mandeis chamar médico, pois será inútil; é uma prova a que vos deveis submeter com resignação. Aliás, eu voltarei a vos ver. E o velho afastou-se. Chegando a uma pequena ponte muito próxima, desapareceu de repente. 

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