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quarta-feira, 30 de março de 2016

VÁLIDO REVER PARA REFLETIR

Descortinando o desconhecido Mundo Espiritual e suas interações com este em que vivemos momentaneamente, Allan Kardec identifica e define a mediunidade como o instrumento que possibilita as influências recíprocas entre as diferentes Dimensões. Esclarece também que as relações entre os Espíritos encarnados e desencarnados pode se transformar nas perturbações chamadas obsessão que podem ser individuais ou verdadeiras epidemias coletivas atingindo desde famílias até parte da população de cidades como o caso de Morzine, na Alta Saboia(Alpes franceses). No profícuo tempo do surgimento da Doutrina Espírita diferentes fenômenos eram não apenas produzidos nas reuniões da Sociedade Espírita de Paris como comunicados através de cartas enviadas por dezenas de correspondentes da REVISTA ESPÍRITA distribuídos por mais de mil grupos inspirados no Espiritismo em várias regiões da Europa, norte da África e América. Há casos de obsessão coletiva como os enfeixados na obra OBSESSÃO que compila vários casos expostos nas páginas da importante publicação fundada e dirigida por Allan Kardec de 1858/1869. O mais surpreendente: pode atingir inclusive significativo número de habitantes de um país. Na edição de fevereiro de 1865, encontra-se interessante matéria explicando o fenômeno denominado Ramanenjana que se abateu sobre Madagascar, na famosa ilha e que culminou no atentado que matou o príncipe Radama II.  Ramanenjana significa tensão, exprime uma estranha doença que, de início, se manifestou ao sul de Emirne. A princípio era apenas um vago rumor que circulava entre o povo. Noticiava-se que numerosos grupos de homens e mulheres, acometidos por uma afecção misteriosa, subiam do sul para a capital, para falar ao rei, da parte de sua mãe (o Espírito da Rainha). Dizia-se que tais grupos se encaminhavam em pequenas jornadas, acampando cada noite nos vilarejos e engrossando, ao longo do caminho, com todos os recrutas que fazia na sua passagem. (...). Esta doença age especialmente sobre os nervos, neles exercendo uma pressão tal que logo provoca convulsões e alucinações, das quais apenas se dá conta do ponto de vista da ciência. Os que são atingidos sentem, inicialmente, violentas dores na cabeça, na nuca e depois no estômago. Ao cabo de algum tempo começam os acidentes convulsivos; é então que os vivos entram em comunicação com os mortos: veem a rainha Ranavalona, Radama I, Andrian Ampoinemerina e outros, que lhes falam e lhes dão incumbências. A maior parte dessas mensagens é dirigida a Radama II. Os Ramanenjana parecem especialmente enviados para a velha Ranavalona, para dar a entender a Radama que ele deve voltar ao antigo regime, fazer cessar a prece, expulsar os brancos, interditar os porcos na cidade santa, etc., etc; caso contrário, grandes desgraças o ameaçam, e que ela o renegará como seu filho. Pronunciando-se a respeito Allan Kardec escreve:- “Esses fenômenos são o resultado de uma obsessão, ou possessão coletiva, verdadeira epidemia de Espíritos maus, como se produziu ao tempo do Cristo e em muitas outras épocas. Cada população deve fornecer ao Mundo Invisível ambiente Espíritos similares que, do espaço, reagem sobre essas mesmas populações, das quais, devido à sua inferioridade, conservaram os hábitos, as inclinações e os preconceitos. Os povos selvagens e bárbaros estão, pois, cercados por uma massa de Espíritos ainda selvagens e bárbaros, até que o progresso os tenha levado a se encarnarem num meio mais adiantado”. Referenda seu parecer reproduzindo uma comunicação espiritual psicografada pela médium Sra Delanne, na sequencia da reunião de 12 de janeiro de 1865, assinado por entidade presente que acompanhou a leitura e debates em torno do fato. Entre outras coisas diz: -“Essas alucinações, não passam de uma obsessão, embora de caráter diferente do das que conheceis. Aqui é uma obsessão coletiva, produzida por uma plêiade de Espíritos atrasados que, tendo conservado suas antigas opiniões políticas, vêm tentar perturbar os seus compatriotas, por meio dessas manifestações, a fim de que estes últimos, tomados de pavor, não ousem apoiar as ideias de civilização que começam a implantar-se nesses países onde o progresso começa a despontar. Os Espíritos obsessores que impelem essa pobre gente a tantas manifestações ridículas são os dos antigos malgaxes, furiosos, repito, por verem os habitantes dessas regiões admitindo as ideias de civilização, que alguns Espíritos adiantados, encarnados, têm a missão de implantar entre eles. Assim, muitas vezes os ouvis repetir: “Nada de preces, abaixo os brancos, etc.” É para vos fazer compreender que são antipáticos a tudo quanto possa vir dos europeus, isto é, do centro intelectual (...). Observando os detalhes, cada individualidade oferece um estudo especial, ao passo que as manifestações de Madagáscar têm a espontaneidade e o caráter nacional. É toda uma população de antigos Espíritos atrasados, que veem com despeito sua pátria sofrer a influência do progresso. Não tendo progredido, eles próprios buscam entravar a marcha da Providência”.

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