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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

FISIOGNOMONIA: A ANÁLISE DE KARDEC

Religioso, filósofo, poeta, entusiasta do magnetismo animal, Johan Gaspar Laváter (1741/1801), é considerado o fundador da Fisiognomonia, a arte de conhecer a personalidade das pessoas através dos traços fisionômicos, baseando-se no princípio incontestável de que é o pensamento que põe os órgãos em jogo, imprimindo aos músculos certos movimentos. No número de julho de 1860, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec analisa o tema. Diz ele: -“Estudando as relações entre os movimentos aparentes e o pensamento, dos movimentos vistos, podemos deduzir o pensamento, que não vemos. É assim que não nos enganaremos quanto à intenção de quem faz um gesto ameaçador ou amigável; que reconheceremos o modo de andar de um homem apressado e o do que não o é. De todos os músculos, os mais móveis são os da face; ali se refletem muitas vezes até os mais delicados matizes do pensamento. Eis por que, com razão, se diz que o rosto é o espelho da alma. Pela frequência de certas sensações, os músculos contraem o hábito dos movimentos correspondentes e acabam formando a ruga. A forma exterior se modifica, assim, pelas impressões da alma, de onde se segue que, dessa forma, algumas vezes se podem deduzir essas impressões, como do gesto podemos deduzir o pensamento. Tal é o princípio geral da arte ou, se se quiser, da ciência fisiognomônica. Este princípio é verdadeiro; não apenas se apoia sobre base racional, mas é confirmado pela observação.(...) Entre as relações fisiognomônicas, existe principalmente uma sobre a qual a imaginação muitas vezes se exerceu: é a semelhança de algumas pessoas com certos animais. Procuremos, então, buscar a causa. A semelhança física entre os parentes resulta da consanguinidade que transmite, de um a outro, partículas orgânicas semelhantes, porque o corpo procede do corpo. Mas não poderia vir ao pensamento de ninguém supor que aquele que se parece com um gato, por exemplo, tenha nas veias o sangue de gato. (...) Conforme os Espíritos, nenhum homem é a reencarnação do Espírito de um animal. Os instintos animais do homem decorrem da imperfeição de seu próprio Espírito, ainda não depurado e que, sob a influência da matéria, dá preponderância às necessidades físicas sobre as morais e sobre o senso moral, não ainda suficientemente desenvolvido. (...) Outra indução não menos errônea é tirada do princípio da pluralidade das existências. Da sua semelhança com certas personagens, algumas concluem que podem ter sido tais personagens. Ora, do que precede, é fácil demonstrar que aí existe apenas uma ideia quimérica. Como dissemos, as relações consanguíneas podem produzir uma similitude de formas, mas não é este aqui o caso, pois Esopo pode ter sido mais tarde um homem bonito e Sócrates um belo rapaz. Assim, quando não há filiação corporal, só haverá uma semelhança fortuita, porquanto não há nenhuma necessidade para o Espírito habitar corpos parecidos e, ao tomar um novo corpo, não traz nenhuma parcela do antigo. Entretanto, conforme o que dissemos acima, quanto ao caráter que as paixões podem imprimir aos traços, poder-se-ia pensar que, se um Espírito não progrediu sensivelmente e retorna com as mesmas inclinações, poderá trazer no rosto identidade de expressão. Isto é exato, mas seria no máximo um ar de família, e daí a uma semelhança real há muita distância. Aliás, este caso deve ser excepcional, pois é raro que o Espírito não venha em outra existência com disposições sensivelmente modificadas. Assim, dos sinais fisiognomônicos não se pode tirar absolutamente nenhum indício das existências anteriores. Só podemos encontrá-las no caráter moral, nas ideias instintivas e intuitivas, nas inclinações inatas, nas que não resultam da educação, assim como na natureza das expiações suportadas. E, ainda isto, só poderia indicar o gênero de existência, o caráter que se deveria ter, levando em conta o progresso, mas não a individualidade”. 

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