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sábado, 3 de setembro de 2016

O MOMENTO SEGUINTE

Na visão dominante na nossa Dimensão, tudo cessou no instante fatal. A mediunidade identificada e explicada pelo Espiritismo, contudo, confirma que não. E a vivenciada pelo médium Chico Xavier produziu um acervo de documentos ainda pouco conhecidos e estudados pelos que buscam respostas para a inesperada, mas inevitável, experiência da morte. A historia a seguir demonstra isso. Para conhecê-la, vamos recuar à 1983, no bairro da Mooca, capital paulista. Naquele ano, o jovem Dialma Coltro Filho, frequentava o segundo ano de direito de uma das faculdades de São Paulo, curso após cuja conclusão, tencionava seguir a carreira de Delegado de Polícia. Dialma, apesar dos seus vinte anos, tinha como hobby colecionar armas de fogo, tendo muita consciência sobre o perigo que representavam. Com a venda de um automóvel, aceitou como parte de pagamento um exemplar de uma Mauser 365. Para processar pequena limpeza na peça, com os cuidados de sempre, desativou a arma, retirando o pente de balas, a fim de guardá-la com as outras colecionadas. Embora a cautela, porém, não percebeu que uma das balas ficara na agulha provocando o disparo acidental que lhe atingiu em cheio a cabeça interrompendo sua ainda curta existência física. Apesar das várias suposições a respeito, Dialma contaria na carta escrita através do médium Chico Xavier, a forma como se deu sua desencarnação. A mensagem foi recebida exatamente no dia em que ele completaria 21 anos, caso estivesse encarnado, ou seja, em 18 de agosto de 1983, portanto, quatro meses e quatro dias após sua morte física. Um detalhe curioso da página é que ao final dela, Dialma precisou repetir, por quatro vezes sua assinatura, visto que as pontas dos lápis usados se quebravam. Estranhando o fato, o Sr. Weaker Batista que na ocasião virava as páginas que Chico ia psicografando, ouviu posteriormente do médium a seguinte explicação: “- O nosso rapaz é canhoto, essa a dificuldade”... Confrontadas as assinaturas da mensagem e de documentos do rapaz, observou-se a grande semelhança entre ambas e, indagada sobre a justificativa dada por Chico sobre a assinatura ter-se repetido quatro vezes, a mãe do rapaz confirmou: ele realmente era canhoto.Vejamos alguns trechos da extensa mensagem: -“Tudo passou com a vertigem das horas e aqui me vejo, sob a proteção do tio Nider Fortunato, a lhes pedir a bênção. Ao contrário do que se afirma, ou do que muita gente possa pensar, estou recuperando as minhas forças, surpreendido com todas as revelações que me cercam. Tenho a considerar a minha inquietação com as lágrimas incessantes da Mãezinha, que me alcançam à maneira de gotas candentes de angústia em brasa. Mãe, por que há de ser assim? Tudo aconteceu comigo à maneira de tantos jovens outros que superaram obstáculos iguais aos nossos. Creiam com as meninas, irmãs abençoadas de sempre, que o projétil que me alcançou não estava em meus pensamentos de expectativa e, sim, nas Leis de Deus que se cumprem através de nós e por nós. Limpava a arma, com despreocupações, supondo que não houvesse qualquer remanescente nos mecanismos em minhas mãos. Em dado instante, alonguei o braço para ver se a arma estava legalmente limpa, quando, sem querer, detonei a bala única que restava ali, sem que eu soubesse. O tiro escapou sem que de minha parte conseguisse sanar as consequências. Caí, apesar do meu propósito de permanecer atento aos curativos que, decerto, me seriam administrados. Ouvi vozes e gritos abafados, tentando responder, mas, a minha boca jazia selada por uma força que não compreendi. Procurei sustentar o cérebro aceso, a fim de prestar as informações necessárias, no entanto, aquilo foi um achatamento de minha personalidade. Achava-me acordado, observando o que se passou, contudo, a minha força se esgotava rapidamente. A lesão repentina que sofrera no crânio, como que me tomava todas as energias. Era como se meu corpo naquela hora estivesse concentrado na cabeça, sem que me fosse possível externar qualquer impressão. Lembrei-me das orações que a Mamãe Júlia e a vovó Hermínia me ensinavam quando criança e busquei harmonizar-me com a prece. No meu íntimo, vagueava aquele medo de ser considerado suicida ou alvejado por outra pessoa, mas, era tarde para que me entregasse a qualquer explicação. Entrei num sono invencível e perdi-me nas considerações inacabadas que tentava formular... O resto não sei. Não sofri dor alguma porque, onde o impacto do sofrimento é pesado demais, a dor desaparece... Meus últimos pensamentos no corpo foram para a Mãezinha Júlia, cujas lágrimas tive a ideia de que me orvalhavam o rosto. Depois, foi a inconsciência, com uma espécie de ocultação de meu próprio Ser. Quanto tempo estive assim, nem exatamente vivo, nem suficientemente morto, ainda ignoro. Sei que despertei num aposento simples e arejado, com a cabeça dolorida. Julguei-me num local de tratamento para acidentados... Respirei o ar puro, com quem sorve um copo de água refrigerada depois da sede ardente e, ao ver a senhora que me assistia, supus com naturalidade fosse uma enfermeira tão humana quanto eu mesmo. As nossas situações estavam, porém, trocadas, sem que eu me apercebesse disso, em sentido imediato. Quando a senhora protetora se inclinou para mim, indagando se não a reconhecia, respondeu ao meu pedido de informações:- Não se lembra da vovó Júlia, vó da mamãe e sua também?”. A integra da carta de Dialma poderá ser lida no livro NOVOS HORIZONTES, publicado pela editora IDEAL.

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