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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Desdobramento Consciente - Uma Experiência Instigante






N’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, o excelente e revelador manual de orientação sobre a mediunidade e suas múltiplas formas de manifestação, Allan Kardec tratou do fenômeno do desdobramento espiritual derivado do sono físico natural, no capítulo relacionado à bicorporeidade. Como também em relação a este tema, não foi na obra citada dada a última palavra, o futuro - que já é presente ou passado - revelou inúmeras outras situações, especialmente no final do século 20, merecedoras de mais aprofundados estudos, não só do ponto de vista qualitativo, mas também, quantitativo. É o caso dos desdobramentos conscientes. Embora tenha começado a circular no meio espírita com a palavra segura do Dr Waldo Vieira, que, na condição de médium prestara relevantes serviços à causa do Espiritismo ao lado de Chico Xavier entre os anos 58 e 67, isolando-se no silêncio até 1980 quando ressurgiu através do livro PROJEÇÕES DA CONSCIÊNCIA (lake), outro autor já havia oferecido ao conhecimento público suas interessantes experiências nesse campo. Trata-se do Dr. Hamilton Prado. Nascido em 27 de agosto de 1907, em  Rio Claro, SP, Hamilton Prado era industrial, advogado e político. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, atuou no comércio e na indústria e, mais tarde, também na política. Foi vice-presidente da Cervejaria Antártica Paulista e, em fins da década de 60, publicou dois livros com relatos de suas Experiências Fora do Corpo, desencarnando em trágico acidente no primeiro dia de 1972, aos 64 anos. Suas vivências começaram quando ainda era bem jovem, mas,  somente aos 30 anos, com o acúmulo de experiências e observações, que percebeu a importância dessas experiências.  Quando criança tinha sonhos e pesadelos como todas as outras crianças. Aos 20 anos quando já cursava a faculdade, teve a primeira experiência fora do corpo para valer. A grande facilidade com que ocorriam levou Prado a não registrar suas experiências pessoais. Isso só mudaria por volta 1942, aos 35 anos, quando passou a escrever detalhadamente sobre suas vivências com objetivo de produzir um livro. Prado seguia a Doutrina Espírita de forma que usava o termo desdobramento para designar as experiências fora do corpo. Até 1946, foi sendo compilado normalmente. Depois disso, até 1963, pouca coisa foi acrescentada, pois, os compromissos crescentes da vida comum e as preocupações exclusivamente materiais tomavam-lhe cada vez mais o tempo e a atenção. Nesse período, somente fez anotações ocasionais, publicando em 1967, NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA SOBREVIVÊNCIA, e, em 1969, AINDA NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA SOBREVIVÊNCIA. Dessas memórias, destacaremos alguns relatos. Sobre o início, conta: “- Já era rapaz quando começou a dar-se comigo um fato interessante, que me causava horror tremendo e cuja lembrança me dava, à noite, vontade de não deitar-me. Sempre de madrugada, debaixo da maior tranquilidade, sentia-me, às vezes, de repente, acordado, mas absolutamente incapaz de mexer-me. Em seguida um ruído fino e estridente, como de uma carretilha pequena a escorregar por um fio de aço, vindo do fundo da casa até alcançar meu quarto, passando pelo pé da cama, continuando pela sala de visitas, até se extinguir. Findo o movimento, readquiria os movimentos”. Tempos depois, “em meio a qualquer sonho, vinha-me a compreensão de o que via era efetivamente um sonho e, então, ou se desfaziam as imagens ou permaneciam e, quando sentia desejo de acordar, percebia tudo escurecer, enquanto uma forte ventania soprava sobre meus ouvidos, como se em grande velocidade fosse arremessado no espaço, acordando imediatamente depois, às vezes, resultando na minha ideia o conhecimento do local em que estivera, ou com o qual sonhara”. As reminiscências vão se sucedendo mostrando o lado instigante daquele que é dotado da espontaneidade nesse tipo de mediunidade. Narra em outro momento: “Em outra noite, em que me deitara cansado e meio adoentado, senti-me levado para uma espécie de laboratório e, em dado momento, vi em minhas mãos uma flor, cuja polpa intui que devia comer. Procurei mastiga-la e a senti desfazer-se enquanto um sabor suave e estimulante se me espalhava na boca. Como de outras vezes, procurei acordar, o que fiz, porém nada que se assemelhasse àquele sabor continuava sentindo. Apenas um enorme bem-estar geral, em contrário à indisposição com que me deitara”. Noutra ocasião, “vi-me, primeiramente, em uma extensa rua, em que se alinhavam portas, pelas quais entravam e saíam pessoas, de que a rua estava cheia. Tive a percepção de que todos buscavam, atrás daquelas portas, aquilo que na ida constitui um anseio: prazer. Porém, logo me senti levado daquele lugar pelo espaço afora, até atingir uma praça arborizada, em cujo extremo, dois edifícios enormes se levantavam. Um, de aparência sombria, era de construção artística, caprichada e dava a ideia de que seus compartimentos internos eram precedidos por um monumental vestíbulo, que de fora se percebia por causa de uma grande abóboda, que o recobria. Externamente, chegava-se à entrada desse vestíbulo por uma grande escadaria ladeada por dois robustos corrimãos de pedra lavrada, encimados, no lance inicial, por dois enormes leões de mármore. O outro edifício, de tamanho quase igual ao primeiro, era de construção singela e sua entrada era porta comum, de proporções aumentadas(...) Desejei penetrar nesse segundo edifício, porém, ao invés de endereçar-me à porta, senti-me conduzido para uma janela. À minha frente, abriu-se a janela e o que se apresentou me fez parar estarrecido e desejoso de não continuar: nevoento, pesado era o ambiente que se apresentava à minha frente e nele eu via, como se fosse num corredor, instalados em espécies de beliches superpostos, homens e mulheres, na maioria velhos, cujas fisionomias abatidas, enfermiças, expressavam todas, sem exceção, cinismo e depravação. O ambiente era enervante e me angustiou, motivo porque recuei ante a janela e fiz menção de afastar-me, o que me foi fácil. Alguém, que me acompanhava, explicou-me que eu vira um sanatório a que recolhiam os espíritos que se haviam extenuado no anseio de prazeres sexuais e paixões eventuais e que ali se retemperavam e eram corrigidos, para poderem iniciar novas peregrinações”. No final de seu depoimento, Hamilton Prado apresenta várias conclusões, fruto de suas reflexões sobre os fenômenos por ele vividos, dentre as quais destacamos parte da décima primeira: “-O progresso espiritual, no sentido de estar assegurada a cada qual sua ascenção de níveis subalternos, inferiores, de percepções grosseiras, para níveis de percepções sutis, belas, puras emoções e superior entendimento, não só está ao alcance de cada um, como só pode ser realizado por um esforço próprio, que modifique o íntimo da pessoa. Não são fatores externos decorrentes de preces ou promessas que influem”.
  

Um comentário:

  1. Obrigado! Poucas pessoas conhecem este lado de papai! Sua sensibilidade aliada a uma mente pesquisadora e racional! Confesso que muitas vezes estou em outras dimensões! Tenho dificuldade em acreditar e vivo submetendo-me a questionamentos sobre esses desligamentos de meu corpo matéria.

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