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domingo, 13 de setembro de 2015

A INEXORÁVEL MARCHA DA EVOLUÇÃO

A caminhada evolutiva do princípio inteligente cada vez mais se mostra integrando os três reinos – mineral/ vegetal/ animal irracional, alcançando, por fim, a condição de animal racional na fase chamada humanidade. Nesse processo, especialmente nas duas últimas etapas, percebe-se nitidamente a distinção entre instinto e inteligência. No extraordinário livro DEUS NA NATUREZA (feb), o pesquisador e astrônomo Camille Flammarion observa que “os animais possuem um e outro como faculdades bem distintas. Com a segunda, pensam, refletem, compreendem, decidem, recordam, adquirem experiência, amam, odeiam, julgam, por processos análogos aos da inteligência humana; com o primeiro, operam obedecendo a uma impulsão íntima, sem apreensão, sem conhecimento, inconscientes do motivo e do resultado de seus atos”. Define instinto como o “conjunto das diretivas que impelem o animal obedecendo a uma necessidade constante. O instinto é inato, atua à revelia da instrução, inexperiente e invariavelmente, e não realiza progresso algum. É em tudo a antítese da inteligência. Tanto mais notáveis são os fenômenos do instinto quanto mais se afirma, inteiramente involuntários (...). No instinto tudo é inato, dirigido por uma força constante e incoercível. Na inteligência é tudo o resultado da experiência e da instrução: o cão obedece quando ensinado, por consequência, porque quer. Finalmente, tudo no instinto é particular (...), ao passo que, na inteligência, tudo se generaliza”. Serve-se de alguns exemplos interessantes para justificar suas conclusões. Citemos alguns: 1- O castor é uma mamífero da ordem dos roedores, isto é, da ordem menos inteligente, e, contudo, possui um instinto maravilhoso, qual o de construir uma cabana sobre a água, com calçadas, diques, e tudo mercê de uma indústria que demandaria inteligência elevadíssima, se de inteligência dependesse. Para provar sua independência F. Corvier tomou castores muito novos, educados longe de seus pares e, por conseguinte, nada havendo com eles ou deles aprendido. Esses castores, assim isolados, solitários, postos numa jaula expressamente destinada à experiência e de forma a dispensá-los do seu trabalho peculiar construtivo, não deixaram de o realizar, impelidos por uma força maquinal cega, ou seja um puro instinto”. 2- Destruindo a tese do habito hereditário, cita borboletas que vivem no ar, e que, chegando à terceira fase de sua maravilhosa existência, depositarão em círculos concêntricos minúsculos ovos brancos, sobre talos e folhas. Esses ovos não vingarão antes da próxima estação, quando surgem as pequenas lagartas, e isso depois de transcorridos muitos dias, quando as borboletas já dormem na poeira o sono da morte. Que voz teria ensinado a estas novas borboletas que as futuras lagartas, ao desovarem, hão de encontrar tal ou tal alimentação? Quem lhes aponta os talos em folhas em que hajam de depositar seu ovos? Os pais? Mas, se não os conhecem? Será então, das folhas e talos que lhes advém a memória? 3- Outras espécies que protestam, ainda mais vivamente, contra as explicações humanas. Os  necrófaros (nome lúgubre), morrem imediatamente após a postura e as gerações jamais se conhecem. Nenhum Ser desta espécie viu mae nem verá filhos, e, contudo, as mães tem grande cuidado em dispor cadáveres ao lado dos ovos, para que aos filhos não falte alimento logo ao nascer. Em que livro aprenderam esses necróforos que os seus ovos contem germe de insetos que em tudo se lhes assemelham? 4- Há outras espécies, nas quais o regime alimentar é inteiramente oposto, para a larva e para o inseto. Nos pompilídeos as mães são herbívoras e os filhos carnívoros. Em fazerem a postura sobre cadáveres, contrariam os próprios hábitos. 5- A estes insetos, podemos juntar os odíneros e os sphex. As larvas destes últimos são carnívoras e o ninho precisa se provido de carne fresca. Para preencher essa condição, a fêmea que vai desovar busca uma presa convinhável, tendo o cuidado de não a matar, limitando-se a feri-la de paralisia irremediável. Coloca depois, sobre cada ovo, um certo número desses enfermos incapazes de se defenderem da larva que os há de devorar, mas, com vida bastante para que o corpo não se corrompa. Em algumas famílias, acresce o cuidado pela alimentação da presa, até a eclosão da larva”.

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