A explicação é de Allan Kardec, fundamentada nas observações e informações reveladas pelos Espíritos que o auxiliaram na formulação dos conteúdos do Espiritismo. Segundo ele, o ponto de partida de tudo que há é o que chama de Fluido Cósmico Universal. Diz que “o fluído cósmico, conquanto emane de uma fonte universal, se individualiza, por assim dizer, em cada Ser, adquirindo propriedades características, que permitem distingui-lo de todos os outros. Nem mesmo a morte apaga esses caracteres de individualização, que persistem longos anos após a cessação da vida (...). Cada um de nós tem, pois, seu fluido próprio, que o envolve e acompanha em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta. É muito variável a extensão da irradiação dessas atmosferas individuais. Achando-se o Espírito em estado de absoluto repouso, pode essa irradiação ficar circunscrita nos limites de alguns passos; mas, atuando a vontade, pode alcançar distâncias infinitas. A vontade como que dilata o fluido, do mesmo modo que o calor dilata os gases. As diferentes atmosferas individuais se entrecruzam e misturam, sem jamais se confundirem, exatamente como as ondas sonoras que se conservam distintas, a despeito da imensidade de sons que simultaneamente abalam o ar. Pode-se, por conseguinte, dizer que cada indivíduo é centro de uma onda fluídica, cuja extensão se acha em relação com a força da vontade, do mesmo modo que cada ponto brilhante é centro de uma onda sonora, cuja extensão está na razão propulsora do fluido, como o choque é a causa de vibração do ar e propulsor das ondas sonoras. Das qualidades peculiares a cada fluido resulta uma espécie de harmonia ou desacordo entre eles, uma tendência a se unirem ou evitarem, uma atração ou repulsão, numa palavra: as simpatias ou antipatias que se experimentam, muitas vezes sem manifestas causas determinantes. Se nos colocamos na esfera de atividade de um indivíduo, sua presença não raro se nos revela pela impressão agradável ou desagradável que nos produz seu fluido. Se estamos entre pessoas de cujos sentimentos não partilhamos, cujos fluidos não se harmonizam com os nossos, penosa reação entra a oprimir-nos e sentimo-nos ali como nota dissonante num concerto! Se, ao contrário, muitos indivíduos se acham reunidos em comunhão de propósitos e intenções, os sentimentos de cada um se exaltam na proporção mesma da massa das forças atuantes. Quem não conhece a força de arrastamento que domina as aglomerações onde há homogeneidade de pensamentos e de vontades? Ninguém pode imaginar, a quantas influências estamos assim submetidos, à nossa revelia”. Embora reconhecendo não poder pronunciar-se afirmativamente sobre a possibilidade, Kardec cogita: -“Não podem essas influências ser a causa determinante de certas ideias, dessas ideias que em dado momento se nos tornam comuns e a outras pessoas, desses pressentimentos que nos levam a dizer: paira alguma coisa no ar, pressagiando tal ou tal acontecimento? Enfim, certas sensações indefiníveis de bem estar ou mal estar moral, de alegria ou tristeza, não serão efeitos da reação do meio fluídico em que nos encontramos, dos eflúvios simpáticos ou antipáticos que recebemos e que nos envolvem como as emanações de um corpo odorífico?”. Acrescenta “que é preciso convir, pelo menos, que a teoria do Fluido Cósmico individualizado em cada Ser sob o nome de fluido perispirítico, abre um campo inteiramente novo para a solução de uma infinidade de problemas até agora insolúveis”. Evoluindo seu raciocínio, afirma que “em seu movimento de translação, cada um de nós leva consigo a sua atmosfera fluídica, como caracol leva sua concha; esse fluido, porém, deixa vestígios da sua passagem; deixa um como sulco luminoso, inacessível aos nossos sentidos, no estado de vigília, mas que serve para que os sonâmbulos reconstituam os fatos ocorridos e examinem os motivos que os ocasionaram. Toda ação física ou moral, ostensiva ou não, de um Ser sobre si mesmo, ou sobre outro, pressupõem, de um lado, uma força atuante e, de outro, uma sensibilidade passiva. Em todas as coisas, duas forças iguais se neutralizam e a fraqueza cede à força. Ora, não sendo todos os homens dotados da mesma energia fluídica, ou, não tendo o fluido perispirítico, em todos, a mesma potência ativa, explicado fica por que, nuns, essa potência é quase irresistível, ao passo que, noutros, é nula; por que algumas pessoas são muito sensíveis à sua ação, enquanto outras refratárias”.
Li uma matéria interessante sobre memória. Mas,
como se trata de matéria científica, o autor apenas falou sobre a complexidade
da memória cerebral, como se o espírito não existisse. Existem áreas específicas
no cérebro responsáveis pela memória. Então, eu pergunto: e essas pessoas que dizem se lembrar de vidas
passadas, de onde vem essa memória? Ela também está no cérebro? (Cássia Arruda
Dias)
É claro que memórias de vida passada não podem estar em nosso
cérebro atual, até porque o cérebro que continha a memória da vida
anterior já morreu e não existe mais.
Desse modo, se há
quem possa vislumbrar episódios de vidas passadas, se não faz uso de sua
memória cerebral, deve obter tais informações de outra fonte. Essa fonte,
segundo o Espiritismo, é o perispírito que vai acumulando memórias ao longo das
encarnações.
Segundo André Luiz, a conexão mente-espírito se dá por meio
de uma glândula endócrina, chamada pineal ou epífese, situada na parte central
do cérebro. Por motivos que desconhecemos, por meio da pineal, alguma memória
passa do perispírito para o cérebro, fazendo vir à tona episódios de vida
passada.
Alguns estudiosos da reencarnação, sobretudo o Dr. Ian
Stevenson, da Universidade de Virgínia, Estados Unidos, trouxeram rico material
mostrando centenas de casos de crianças de várias partes do mundo que trazem
esse tipo de lembrança, conforme o livro CRIANÇAS QUE SE LEMBRAM DE VIDAS
PASSADAS.
Para nós são casos excepcionais, que exigem paciência e muito
estudo, até porque raramente são detectados, mas podem servir de parâmetro para
o estudo da reencarnação. Recordações de vida anterior, quando confirmadas por
meio de pesquisas, são fortes indícios de reencarnação.
No Brasil tivemos os estudos científicos do Dr. Hernani
Guimarães Andrade, autor do livro REENCARNAÇÃO NO BRASIL, demonstrando
inclusive a dificuldade de se localizar e se documentar tais casos devido ao
preconceito que ainda paira na sociedade sobre a questão da reencarnação.

