O caso revela como nos bastidores da invisibilidade os Espíritos desencarnados se desdobram quando possível para auxiliar os que permanecem presos às experiências em nossa Dimensão. O personagem principal, José Roberto Pereira Cassiano, ou simplesmente Shabi, apelido pelo qual gostava de ser chamado, então um jovem de apenas 23 anos, profissional dedicado a desenho de projetos, além de cultor da pintura, fotografia e desenho. No dia 9 de março de 1974, Shabi, que residia com os pais na Alameda Jaú, em São Paulo, rumou para a cidade de Santos, a fim de deixar a namorada, rotina que repetia há alguns meses. Na viagem de retorno, uma fatalidade, só explicável pelas leis de causa e efeito: um acidente fez um que ele caísse do veículo em que estava, tendo morte instantânea. Sem documentos que o pudessem identificar, permaneceu no necrotério de São Bernardo do Campo, e, ante a não procura do corpo, acabou sendo sepultado. Estranhando sua demora em voltar e, depois seu desaparecimento, seus pais iniciaram uma ansiosa, aflitiva e angustiante busca que findaria uma semana depois, de forma traumatizante. Isso depois da exumação do corpo, da dolorosa identificação de Shabi e, por fim, do devido sepultamento. Como não poderia deixar de ser, seus pais de quem era único filho, mergulharam em profunda e infindável tristeza, a ponto de seu pai que já não desfrutava de uma saúde equilibrada, precisar permanecer internado na UTI da Beneficência Portuguesa, por vários dias. Sete meses passados, orientados por Dona Yolanda Cezar, pessoa de quem se aproximaram através de amigos, estiveram em Uberaba, para falar com Chico Xavier. A primeira carta de Shabi, porém, só seria recebida dezoito meses após a sua morte física, onze, portanto, depois do primeiro encontro com o médium. Até então, como lembraria seu pai, “a situação era de total desespero, minha saúde cada vez mais se agravava. As noites indormidas e, quando chovia, nosso desespero aumentava, pois temíamos que nosso Shabi, sepultado, recolhesse os rigores da chuva a encharcar a terra fria”. Saudosos, os pais só encontravam forças nos tranquilizantes. Ainda segundo o pai, “a mensagem representou-nos um bálsamo para a alma e para o corpo. A saúde melhorou e passei, com minha esposa, a sentir o filho presente em tudo o que era dele e que guardávamos com carinho. Compreendemos, então, que o reencontro com ele somente poderia ser um reencontro espiritual. O sono começou a voltar e passamos a ir mais vezes a Uberaba, na esperança de receber novos recados ou, como nós entendíamos, mais uma carta do filho querido. Pelas palavras de nosso filho compreendemos que a morte não existe”. No incrível documento confirmando a sobrevivência de Shabi, revelações surpreendentes. Entre outras coisas escreveu o jovem: -“ A viagem seguia o compasso da Anchieta, entre paradas de trânsito e marchas rápidas para ganho de tempo, quando, ao movimentar-me, caí num impacto de forças que não sei descrever. Quis reagir, gritar por socorro, mas tive a impressão de que um suave anestésico me entorpecia as forças mentais. O pensamento escorria do cérebro, como se fora sangue a derramar-se de outros campos do corpo... Sensação estranha de esvaziamento, compelindo-me a desfalecer, sem recursos de resistência. E dormi. (...) Acordei, queridos pais, numa sala de apresentação muito difícil com as palavras de que conseguiria dispor. Era eu e não era eu quem se achava ali numa dualidade que não podia reconhecer. Ouvi conversações e apontamentos que me espantavam. No entanto, médicos e enfermeiros me administravam agentes sedativos que me impuseram mais descanso. (...) A situação prosseguia, quando o Irmão Cassiano me avisou que traria meus pais para um reencontro.Daí a instantes, notei-lhes a presença quase rente a mim. Mãezinha e você, papai, pediam notícias minhas. Só então entendi que me achava em São Bernardo, não longe do quilômetro em que havia sofrido a queda. Compreendi mais. Aquele não era um recinto de hospital, mas um refúgio de paz e silêncio, reservado aos que já haviam atravessado as fronteiras, das quais me vejo agora muito aquém... Fiz tudo para fazer-me sentir, a fim de tranquilizá-los. Mas o amigo fiel que me assistia e ainda me protege, em todos os passos da Vida Nova, me sossegou o espírito atribulado, afirmando que estavam dados os primeiros passos para que recebessem minhas notícias. A ideia da despedida, então, tomou corpo em mim e só aí, querida Mamãe, compreendi que seu filho havia deixado a veste física, à feição de alguém que se transfere de estrada ou de carro, a fim de tomar caminhos diferentes. Confesso, meu pai, que as lágrimas me subiram do coração para os olhos, porque não me sentia preparado, quanto agora, para o exame do assunto. Era muito sonho e muita esperança a tombarem do alto de nossas aspirações e projetos. (...) Ainda assim, a pesquisa que efetuavam, as perguntas que ouvi, sem que me fosse possível qualquer manifestação para esclarecê-los, me feriam o coração. Observei que me procuravam com aflições iguais às minhas e percebi que a incerteza era o clima de nossos pensamentos e indagações. Sofri ao vê-los na retirada com as mesmas dúvidas que me pairavam na alma e caí em crise de lágrimas como não podia deixar de ser. Novamente, o benfeitor incansável promoveu os meios de socorro dos quais necessitava e um sono maior abençoou a minha cabeça cansada...
Desde de criança eu ouço
dizer que, na primeira vez, o mundo acabou com água e que agora acabaria com
fogo. Será que este não é o começo dessa destruição, pois vemos incêndios por
toda parte?
A crença no fim do mundo remonta aos tempos mais antigos da humanidade e
ela decorre principalmente do medo que o ser humano sempre teve de provocar a
ira divina.
Isso acontecia tanto entre os povos
politeístas – também chamados de pagãos – que adoravam muitos deuses, como entre
os hebreus que é o povo que, desde o início, sempre acreditou num único deus.
É que a humanidade, nas suas
primeiras manifestações religiosas buscava, acima de tudo, satisfazer os seus
deuses e, por isso, se entregava a práticas ritualísticas que deviam
representar o respeito e a lealdade que se tinha por eles.
Na Bíblia, principalmente no seu
primeiro livro – o Gênese, vemos a fúria de Deus se manifestando contra o
homem, a partir da desobediência de Adão. O dilúvio foi uma dessas tentativas
de acabar com a humanidade, porque, segundo a crença, Deus se arrependera de
ter criado o homem.
Mas o mundo conhecido na época era
muito pequeno, restringindo-se às terras da Europa, do Oriente Médio, de parte
da Ásia e do norte da África. Era tudo que se conhecia.
Para os homens dessa época a Terra
era plana ou côncova mais precisamente, percepção que se tinha a partir da
visão do céu e do horizonte, de modo que isso facilitava a ideia de que a chuva
persistente era capaz de cobrira toda a superfície do mundo.
- Daí a ideia do dilúvio. Até pode
ter existido um período de chuvas intensas e persistentes numa determinada
região, o que deve ter ajudado a conceber a ideia do dilúvio cobrindo a Terra.
A água e o fogo são dois elementos que, fora do controle, adquirem um
poder destruidor, razão pela qual se acreditou desde muito cedo que, se o mundo
foi coberto de água, certamente de uma próxima vez o seria pelo fogo.

