Dos 20 CASOS SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO (Nova Cultural,1971) reunidos em 1966 no livro do mesmo título, pelo psiquiatra canadense Ian Stevenson, dois foram coletados no Brasil. Curiosamente numa mesma família, residente em Dom Feliciano, Estado do Rio Grande do Sul. Um deles, o da jovem Maria Januária de Oliveira que, na véspera de sua morte por tuberculose contraída pelo desinteresse pela vida ao ver frustrados seus sonhos afetivos por intransigência do pai, prometeu à amiga Ida Lorenz que retornaria e renasceria como sua filha, predizendo ainda que quando começasse novamente a falar, contaria muitas coisas sobre a vida que estava abandonando voluntariamente. Dez meses após sua morte, Ida deu à luz a uma menina batizada Marta, que, efetivamente, ao atingir os dois anos e meio, começou, para espanto dos familiares, a falar sobre fatos da vida de Sinhá. O outro caso é de Paulo que, como destaca o Dr Stevenson, responsável pela cadeira de Psiquiatria na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos da América do Norte, ilustra, primeiro “uma diferença de sexo nas duas personalidades”; segundo, “uma personificação altamente desenvolvida da primeira, por parte da segunda pessoa”; e, terceiro, “a manifestação, nas segunda personalidade, de um talento especial para a costura que, embora nada tendo em si de incomum, foi nesta família, na verdade, grande e quase especificamente desenvolvido nestes dois filhos, em mais nenhum outro, numa família de 13 filhos”. Paulo seria a reencarnação de Emília, a segunda filha do casal Ida e Francisco Valdomiro Lorenz. Apurou o professor Stevenson que “Emília em sua curta existência foi uma pessoa profundamente infeliz, sentindo-se constrangida como menina e, alguns anos antes de sua morte, disse, a vários de seus irmãos e irmãs, mas não aos pais, que se existisse reencarnação, ela retornaria como homem. Disse também que desejava morrer solteira, e, embora tenha tido várias propostas de casamento, recusou todos os pretendentes. Cometeu várias tentativas de suicídio. Em uma delas, tomou arsênico, cuja ação foi neutralizada pela grande quantidade de leite que a fizeram tomar. Afinal tomou cianureto, em consequência do que morreu aos 19 anos, em 12 de outubro de 1921”. Na época da morte de Emília, Ida Lorenz já tinha tido doze filhos, e, embora não esperasse engravidar novamente, o fato se repetiu e, pouco mais de uma ano e meio depois da morte de Emília, deu à luz a um menino a que deram o nome Emílio, tratado na intimidade familiar de Paulo. Nos primeiros quatro ou cinco anos de vida, Paulo recusou resolutamente usar roupas de menino. Usava de menina ou nenhuma. Brincava com meninas e bonecas. Quando tinha quatro ou cinco anos, fizeram-lhe um par de calças de uma saia que havia sido de Emília, o que agradou-lhe, consentindo, desde então, em usar roupas de menino. Fez vários comentários, confirmando sua identidade com Emília, tendo também em comum vários outros traços ou interesses como Emília. Na personalidade de Emília, demonstrava talento para costura, ultrapassando muito em competência suas irmãs mais novas e a própria mãe, Ida, que não gostava de coser, nunca tendo usado uma máquina de costura, que compraram para Emília que a usou bastante. Depois da morte de Emília, fracassaram as tentativas de ter uma sucessora para ela e, mesmo as que aprenderam, não demonstraram a mesma habilidade da irmã. Ao contrário, Paulo manifestou real habilidade antes de ter recebido qualquer instrução, quando tinha menos de 5 anos, pois após a mudança no sentido do desenvolvimento mais masculino, não prosseguiu demonstrando a perícia em costurar, praticamente esquecida na fase adulta. Segundo Stevenson, aos 39 anos, quando o conheceu, Paulo conservava uma tendência mais feminina que muitos homens de sua idade, não tendo se casado e lidando pouco com mulheres, exceto suas irmãs. Submetido a teste específicos, o Dr Stevenson concluiu que, “embora Paulo estivesse com menos tendência à feminilidade do que quando criança, persistia nele um grau definitivamente maior de tal tendência do que em homens de sua idade”.
Dizem que o
casamento é um compromisso muito sério, que foi firmado na espiritualidade
antes desta vida. Se isso é verdade, para o Espiritismo, as separações não têm
sentido, porque mais cedo ou mais tarde, mulher e marido voltarão a se
encontrar, mesmo que seja depois desta vida. Então, pergunto, não vale mais
aquele juramento que diz “até que a morte os separe”?
O casamento ou a união realizada aqui na
Terra pode ser um compromisso do passado. Mas esse compromisso nem sempre significa
que marido e mulher tiveram boa convivência em existência anterior.
Às vezes, a união do casal em forma de
casamento é para resolver problemas que ainda não foram resolvidos. Nesse caso,
sempre um dos parceiros está mais preparado para buscar entendimento.
Mas, essa experiência pode ser apenas
uma tentativa, que nem sempre dá certo. Já viveram juntos e não se entenderam.
Voltam para numa nova experiências juntos e não conseguem se conciliar,
separando de novo.
Um caso de tentativa frustrada
encontramos no livro AÇÃO E REAÇÃO de André Luiz, onde o autor conta o caso do
casal MARCELA e ILDEU. Apesar do sacrifício de Marcela, retornando à vida
terrena para ajudar o marido, todos os esforços foram em vão.
Por outro lado, existem aqueles casos em
que o casal vem para realizar uma tarefa importante, uma verdadeira missão, seja
junto aos filhos, ao restante da família e até mesmo no seio da comunidade onde
vão viver.
Não é difícil perceber quando isso
acontece, até porque as relações entre eles são boas e geralmente eles estão
dispostos a renunciar pela causa que abraçam.
Porém, a reaproximação daqueles que não
se entenderam, como marido e mulher, não precisa vir necessariamente por
meio do casamento. Muitos Espíritos retornam para reconciliarem em outras
circunstâncias, como pais e filhos ou mesmo como irmãos.
Desse modo não é sempre verdadeira
aquela afirmação de que, separando nesta encarnação, deverão voltar na outra
como marido e mulher para completar a jornada.
Os casamentos, hoje, tendem a durar
muito pouco, em face do reconhecimento dos direitos da mulher. No passado, a
mulher suportava o marido, porque tinha medo de se separar, por causa da
pressão das famílias e da sociedade.

