faça sua pesquisa

terça-feira, 2 de abril de 2019

DEUS, JESUS E MOISÉS E KARDEC - HOJE E SEMPRE 220


De volta o professor José Benevides Cavalcante ( FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA, eme) esclarece um leitor sobre duvida importante: O que havia de diferente entre Jesus e Moisés em relação à ideia que eles faziam de Deus? Moisés e Jesus, dois grandes personagens da civilização hebraica, viveram em épocas bem recuadas um do outro. Entre Moisés e Jesus há, pelo menos, 12 séculos de diferença, Só esse fator - o largo tempo que os separou - já é suficiente para determinar que entre eles houvesse uma visão bem diferente de Deus. Não há verdade absoluta para o Ser humano, Junior. O tempo muda a nossa maneira de ver as coisas, muda as concepções de vida das pessoas e das coletividades, a respeito do que for, inclusive de Deus. Isso porque existe uma lei natural de progresso, de evolução, e esse progresso significa, acima de tudo, mudança. Assim, se Jesus viesse afirmando o mesmo que Moisés afirmou a respeito de Deus, em 1.200 anos, não teria mudado nada e, portanto, Jesus nada teria que acrescentar ao que Moisés havia dito. Mas, como você bem sabe, não foi o que aconteceu. Jesus mudou muito a maneira de conceber Deus. Vamos fazer aqui uma comparação para você entender melhor o que estamos querendo dizer. Analisando a história da Humanidade e o desenvolvimento das ideias através dos tempos, vamos perceber algo muito importante, que devemos levar sempre em consideração: na essência, as coisas não mudam; o que muda é o nosso pensamento a respeito delas. Por exemplo: o Sol, que iluminava a Terra na época de Moisés ( mais de 3.200 anos atrás) é o mesmo Sol que nos ilumina hoje. No entanto, o que Moisés pensava a respeito do Sol não é o que pensamos hoje. Por quê? Porque os conhecimentos, que temos hoje, sobre o Sol são muito mais amplos e profundos do que os conhecimentos que a Humanidade tinha naquele tempo. Aliás, Moisés acreditava que o Sol girava em torno da Terra; hoje sabemos que é a Terra que gira em torno do Sol. Por aí você percebe como o fator tempo é importante como elemento de mudança. Moisés e Jesus pertenceram a um povo, que teve um grande papel da história da Humanidade: os hebreus. Os hebreus se destacaram no mundo pela sua contribuição ao pensamento religioso, porque eles sempre foram, acima de tudo, um povo devotado à religião: fizeram de sua religião a razão e o objetivo da vida. Se formos pesquisar a história desse povo, vamos perceber que a religião, que começa no patriarca Abraão, veio passando, durante séculos, por várias fases de desenvolvimento, ou seja, veio sofrendo mudanças significativas ao longo do tempo. O historiador Edward MacNall Burns, na sua História da Civilização Ocidental, divide a história religiosa desse povo em 5 principais fases: a pré-mosaica (antes de Moises), a fase da monolatria nacional ( a de Moisés), a da revolução profética, a fase do exílio ou do cativeiro da Babilônia e, finalmente, a fase pós exílio. Cada uma dessas fases tem suas características próprias e aponta para significativas mudanças na maneira de pensar sobre Deus e a sua relação como o homem. Mas, a participação de Jesus no cenário religioso de seu tempo foi revolucionária, porque Jesus, diferentemente dos profetas que o antecederam, veio com uma visão muito própria, e tão diferente que ele não foi absorvido pela religião judaica, que o rejeitou, pois seu pensamento não se enquadrava nas ideias de seus antecessores. Moisés chamou Iavé ( o deus de Abraão) apenas para seu povo, como se seu povo fosse exclusivo dele - um deus nacional - não descartando a existência de outros deuses de outros povos. Sua religião estava voltada
exclusivamente para esta vida - ele não cogitava de uma Vida Espiritual, além desta. Iavé era um soberano poderoso e violento. Seus mandamentos, embora se fale que eram apenas dez - na verdade, eram mais de 600, conforme está na Bíblia. Através deles, estabelecia regras rígidas que deveriam ser seguidas à risca. O prêmio para os obedientes era uma longa vida; o castigo, em muitos casos, era a morte. O desobediente era condenado à morte sem direito à defesa, até mesmo por erros mínimos como, por exemplo, fazer algum trabalho no sábado. É claro que passados mais de 12 séculos depois, as coisas tinham mudado no panorama político e social daquele povo. Os hebreus receberam muita influência de outros povos - principalmente dos povos que o dominaram - como também de outras religiões. O deus impiedoso e intolerante de Moisés não podia permanecer reinando durante tanto tempo. Antes de Jesus, profetas, como Isaías, por exemplo, diferentemente de Moisés, já viam em Deus bondade e misericórdia. O povo já não podia continuar suportando, além dos sofrimentos da vida, uma impiedade tão grande e nenhuma esperança para o futuro. Fazia-se necessária uma outra concepção, como foi a que Jesus trouxe no justo momento, tentando apagar da mente do povo a ideia de um Deus autoritário e violento. Explica-se, desse modo, a razão daqueles conflitos de Jesus com os fariseus, com os escribas e com os saduceus, que seguiam
rigidamente a tradição e e a lei de Moisés. A discussão sobre o sábado – por exemplo, a intervenção de Jesus em favor da mulher adúltera para que não fosse apedrejada, a aproximação simpática com os hereges samaritanos, o novo mandamento que mandava amar até mesmo os inimigos, a defesa da prostituta, a crítica aos ricos e poderosos, a postura em defesa dos pobres e abandonados, o amor ao próximo e a certeza da continuidade da vida após a morte - tudo isso, na verdade, traduzia uma nova concepção da vida e de Deus. Deus, agora, não era mais um soberano poderoso e prepotente, mas um Pai amoroso e compreensível; não era mais um aplicador de penas, mas um Pai de amor e compreensão. Nisso a diferença entre as doutrinas de Jesus e a de Moisés. Mas não estamos dizendo que Moisés estava errado e que Jesus estava certo: apenas que Jesus aperfeiçoou a ideia de Deus - que, na época de Moisés era uma, e no seu tempo passou a ser outra, conforme a lei de evolução.














Nenhum comentário:

Postar um comentário