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sábado, 28 de fevereiro de 2015

AQUI COMO LÁ

“-Estamos num parque-cidade-jardim, se posso definir com estas três palavras o grande centro de recuperação e cultura em que presentemente nos achamos. O vovô Engelberto e o vovô Eugênio entabularam entendimentos para que fôssemos admitidas num grande instituto de reformulação espiritual e tivemos permissão para desfrutar a companhia e a proteção da mãezinha Custódia que nos serve de governanta maternal. Penso que ficarão satisfeitos se lhes contar que fomos admitidas pela Diretora, a Irmã Frida, da lista de amizades do vovô Engelberto, com a maior distinção. Naturalmente, éramos neófitas e o receio nos marcava a presença. O vovô dirigiu-se a ela, em alemão, e ambos conversaram animadamente. Voltando-se cortesmente para nós, se bem me lembro, a Irmã Frida nos disse sorrindo: -“Brech Gut. Es wird mich scher freuen ihnen nutzlich zun sein(traduzido para -"Tudo bem. Me alegrará muito ser-lhes útil"). Compreendo que não guardei de cor a antepenúltima expressão dela, mas o vovô solicitou-me a troca de ideias em português e a nossa Diretora, sem pestanejar, se exprimiu em português – brasileiro com tal mestria que nos sentimos à vontade para a instalação em perspectiva. A cidade é grande e especializada”. A informação é dada aos pais na segunda mensagem psicografada por Jane Furtado Koerich pelo médium Chico Xavier, dezessete meses após ela, sua irmã Rosemari e a amiga Sonia, em meio a quase cinquenta pessoas, perecerem em acidente aéreo de grandes proporções mal iniciados os procedimentos para aterrizagem em Florianópolis (SC), em 12 de abril de 1980. Sua carta, soma-se a dezenas de outras recebidas pelo médium mineiro oferecendo detalhes da organização do chamado Mundo Espiritual, em suas formatações nos diferentes Planos e Sub-planos. Se considerarmos a cogitação da Teoria das Supercordas da Física Quântica que, além de propor matematicamente os chamados Universos Paralelos, afirma que “mesmo que as dimensões ocultas do espaço sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”, admitiremos como real o relato de Jane. Do momento em que Allan Kardec, obteve da Espiritualidade a resposta de que entre o Mundo Espiritual e o Físico o mais importante é o Espiritual, pois de lá tudo procede e para lá tudo volta ao da descrição da jovem sobrevivente espiritualmente ao acidente e daí ao comentário do físico materialista e ateu Marcelo Gleiser citado em seu livro CRIAÇÃO IMPERFEITA (2011, record), fatias diferentes de tempo transcorreram. Por outro lado, se lembrarmos que, do ponto em que o astrônomo Nicolau Copérnico, na verdade repetindo as ideias de Pitágoras,  propôs que a Terra não era o centro do sistema em que vivemos mas o Sol, descartando o sistema do egípcio Ptolomeu, mais de um século  transcorreu até que o italiano Galileu desenvolvesse o telescópio que permitiu confirmar a revolucionária proposição do sistema heliocêntrico, podemos presumir ser questão de tempo para que as realidades espirituais se tornem um fato e não simples hipótese. Em artigo publicado na REVISTA ESPÍRITA de janeiro de 1863, a visão do Mundo Espiritual oferecida pelo Espiritismo, representa “uma força nova, uma nova energia, uma nova lei, numa palavra, que foi revelada. É realmente inconcebível que a incredulidade repila mesmo a ideia, por isso que esta ideia supõe em nós uma alma, um princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Se se tratasse da descoberta de uma substância material e não inteligente, seria aceita sem dificuldade. Mas uma ação inteligente fora do homem é para eles superstição. Se, da observação dos fatos produzidos pela mediunidade, remontarmos aos fatos gerais, poderemos, pela similitude dos efeitos, concluir pela similitude das causas”. Segundo ele, “vivemos num oceano fluídico, incessantemente a braços com correntes contrárias, que atraímos, ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva seu livre arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho”. Acrescenta que  esse Mundo Espiritual “é a réplica ou o reflexo do Mundo corpóreo, com suas paixões, vícios ou suas virtudes, mais virtudes do que nossa natureza material dificilmente permite compreendermos. Tal é esse mundo oculto, que povoa os espaços, que nos cerca, no meio do qual vivemos sem o suspeitar, como vivemos entre miríades do Mundo Microscópico”. Alerta-nos que “o Mundo Invisível que nos circunda reage constantemente sobre o Mundo Visível; nô-lo mostram como uma das forças da Natureza. Conhecer os efeitos dessa força oculta, que nos domina e subjuga contra nossa vontade, não será ter a chave de mais um problema, as explicações de uma porção de fatos que passam desapercebidos?”.





quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

COMO FUNCIONA

Um século é período demasiado curto em assuntos do Espírito”, afirmou o engenheiro Gabriel Dellane à André Luiz em entrevista realizada em 1965, em Paris, França. Hoje, cento e cinquenta anos se passaram desde que Allan Kardec publicou o que seria o quarto livro da sequência fundamental do Espiritismo. A obra O CÉU E O INFERNO ou a justiça Divina segundo o Espiritismo, apareceu pela primeira vez nas livrarias francesas no mês de agosto de 1865. Dividido em duas partes, na segunda reúne mais de seis dezenas de casos exemplificando as impressões e situação de pessoas que passaram por diferentes tipos de morte e foram, através de diversos médiuns ligados à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – o laboratório onde se dissipavam mistérios sobre a realidade espiritual que se confunde com a nossa - entrevistados em reuniões ali desenvolvidas, para se conhecer as impressões nos instantes que precederam, marcaram e sucederam o natural transe da morte. Com base nisso e o apoio da Espiritualidade que assessorava Allan Kardec no trabalho de organização dos “manuais” denominados Pentateuco Espírita: O LIVRO DOS ESPÍRITOS, O LIVRO DOS MÉDIUNS, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, O CÉU E O INFERNO e A GÊNESE, resgata a reencarnação como instrumento indispensável no processo evolutivo dos Espíritos, e, no capítulo 7 do quarto livro, reproduz o que chama de CODIGO PENAL DA VIDA FUTURA. Trata-se de um conjunto de 33 artigos ou princípios que mostram como o Ser avança na direção de sua iluminação ou na escala do progresso perante a Sabedoria que caracteriza a Obra da Inteligência Suprema do Universo, chamada por alguns Deus, por outros Arquiteto Supremo do Universo, Consciência Cósmica, Allah, Jeová, etc. Uma ideia como dito por Allan Kardec, que “materializamos conforme nossa materialidade”, em outras palavras, que evolui com nossa evolução. Aprendemos que o desenvolvimento de nossa consciência (efeito da ampliação de nossa inteligência e memória), vai se manifestando em nós o “sentimento de culpa” a cada ação intencionalmente realizada confrontando a Lei do Amor. O ciclo vicioso de experiências empurra a criatura na direção das expiações e, os progressos realizados como Espírito resultam numa sequência de estados mento-emocionais conhecidos como remorso, seguido do arrependimento que passam a solicitar a reparação dos prejuízos causados em nossa relação conosco mesmos através da vida em sociedade. Tudo para que nos liberemos dos incômodos registros guardados na nossa memória de profundidade, a memória integral, o grande banco de dados acumulados a partir de nossas experiências. Para medir eventuais os resultados, as chamadas provas vão se sucedendo, testando avanços ou aumentando a carga de perturbadoras desarmonias pelo não aproveitamento das oportunidades criadas. Corpo físico, tempo, família de origem, família organizada, desenvolvimento nesta ou naquela área são instrumentos ou ferramentas fornecidas para o trabalho que incessantemente temos a realizar. Como repassado pelo Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier, “o sentimento de culpa é sempre um colapso da consciência e, através dele, sóbrias forças se insinuam”. O filósofo Léon Denis considera que “o deslize do Espírito no mal implica fatalmente na diminuição de liberdade. Os pensamentos e os atos criam em torno da alma culpada, uma sombria atmosfera fluídica que se condensa pouco a pouco, vai se contraindo e a encerra como numa prisão”. Como explicado pelo Espírito Emmanuel, essa fuga ao dever, precipitando-nos no sentimento de culpa, “origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma”. Acrescenta que o “arrependimento, incessantemente fortalecidos pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abcesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio”. Nas palavras de André Luiz, “a recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no Espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem como válvula de alívio às chagas ocultas do arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de “zona de remorso”, em torno as qual a onda viva e continua do pensamento passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança da pessoa e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria. Estabelecida a ideia fixa sobre esse nódulo de forças mentais desequilibradas, é indispensável que acontecimentos reparadores se contraponham ao modo enfermiço do Ser, para que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo, ou exatamente redimidos perante a Lei”.



domingo, 22 de fevereiro de 2015

PRESTEMOS ATENÇÃO

No Mundo Espiritual muita gente vai se surpreender. Lá não seremos identificados pela importância, ou melhor, pela suposta importância no mundo”, comentou  Chico Xavier com um grupo de amigos. Cada um terá sua porta de acesso à verdadeira vida, bem como uma realidade muito pessoal a enfrentar. Nossas ideias, revelam os estudos propiciados pelo Espiritismo, especialmente as inferiores, com o tempo, se cristalizam em nossa alma, impondo-nos aflitiva fixação mental, decorrente de nossas criações íntimas. Em muitos casos, seu despertar se faz através dos chamados trabalhos de desobsessão realizados em nossa Dimensão. É o caso do Espírito cujo depoimento reproduziremos a seguir. Oculto, por razões óbvias, apenas pela inicial F. de seu nome, ocupou a mediunidade psicofônica de Chico ao final da reunião de 24 de junho de 1954, retornava, oferecendo um alerta para todos nós. Entre outras coisas, diz ele: -“Com aprovação de vossos orientadores, venho trazer-vos meu reconhecimento e algo de minha amarga experiência, como aviso de um náufrago aos viajantes do mundo. Quantas vezes afirmei que o dinheiro era a solução da felicidade!.. Quanto tempo despendi, acreditando que a dominação financeira fosse o triunfo real na Terra!... No entanto, a morte me assaltou empelna vida, assim como o tiro do caçador surpreende o pássaro desprevenido no malto inculto...Como foi o meu desligamento do corpo físico e quantos dias dormi na sombra, por agora, nada sei dizer. Sei hoje apenas que acordei no espaço estreito do sepulcro, com o pavor de um homem que se visse repentinamente enjaulado. Sufocava-me a treva espessa. Horrível dispneia agitava-me todo. Queria o ar puro...Respirar...respirar...E gritei por socorro. Meus brados, contudo, se perdiam sem eco. Ao cabo de alguns instantes, notei que duas mãos vigorosas me soergueram e vi-me, depois de estranha sensação, na paz do campo, sorvendo o ar fresco da noite. Que lugar era aquele? Uma casa sem teto? De repente, a cambalear, reconheci-me rodeado de grandes caixas fortes... Ao frouxo clarão da Lua, reparei que essa caixas fortes surgiam milagrosamente douradas...Tateei-as com dificuldade, percebi palavras em alto relevo e verifiquei que eram túmulos...Espavorido, transpus apressado as grades daquela inesperada prisão. Vi-me, semilouco, na via pública. Devia ser noite alta. Na rua, quase ninguém...Um bonde retardado apareceu. Achava-me doente, inquieto e exausto, mas ainda encontrei forças para clamar: -Condutor!...Condutor!...O homem, porém, não me ouviu. Caminhei mais depressa. Tomei o veículo em movimento e consegui a situação do pingente anônimo; todavia, com espanto, observei que o bonde era todo talhado em ouro...As pessoas que o lotavam vestiam-se de ouro puro.O motorneiro envergava uniforme metálico. Intrigado, sentia medo de mim mesmo. E, para distrair-me, tentei estabelecer uma conversação com vizinhos. Os circunstantes, porém, pareciam surdos. Ninguém me ouvia. Vencendo embaraços indefiníveis, alcancei minha residência. As portas, no entanto, jaziam cerradas. Esmurrei, chamei, supliquei... Mas tudo era silêncio e quietação. E quando fitei o frontispício do prédio, o ouro me cercava por todos os lados. Acomodei-me no chão de ouro e tentei conciliar, debalde, o sono, até que, manhãzinha, a porta semiaberta permitiu-me a entrada franca. Tudo, porém, alterara-se em minha ausência. Ninguém me reconheceu. Fatigado, avancei para meu leito.... Mas o velho móvel se me apresentava agora em ouro maciço. Senti sede e procurei a água simples, entretanto, o líquido que jorrava era ouro, ouro puro... Faminto, busquei nosso antigo depósito de pão. O pão, todavia, transformara-se. Era precioso bloco de ouro, de cuja existência, até então, não tinha qualquer conhecimento em nossa casa. Meditei... Meditei...Todos os meus afeiçoados como que como que conspiravam contra mim... Não passava de intruso em minha própria moradia. Dia terrível aquele em que reassumia ou tentava reassumir meu contato com os seres amados que, naturalmente, me deviam assistência e carinho”. F prossegue em seu testemunho confirmando que nosso “desejo-central”, aprisiona-nos nos efeitos do que causamos em nossas próprias encarnações. Realmente como ponderou Chico Xavier no apontamento com que iniciamos, “gente há que desencarna imaginando que as portas do Mundo Espiritual irão se lhes escancarar, Ledo engano!. Ninguém quer saber o que fomos, o que possuímos, que cargo ocupávamos no mundo. O que conta é a luz que cada um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo. Esse negócio de ter sido fulano de tal interessa à consciência de quem foi e, na maioria das vezes, se complicou.  































sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

EXPIAÇÃO E PROVAS: DIRIMINDO DÚVIDAS

Expositores, facilitadores, palestrantes costumam comentar o tema Expiação e Provas de uma forma diferente da comentada por Allan Kardec respondendo a indagação de seguidor do Espiritismo nascida em seu grupo de estudos na cidade de Moulllins, interior da França, sobre a Expiação ocorrer ou não durante a encarnação dos Espíritos, apoiando-se na expressão empregada em muitas comunicações. É na seção Questões e Problemas do número de setembro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, que se ocupa dos argumentos do consulente que se vale de “várias comunicações, dadas por Espíritos diferentes, qualificando indistintamente as expiações e as provas, males e tribulações que formam o quinhão de cada um de nós, durante a encarnação na Terra. Resulta - segundo ele -, nesta aplicação de duas palavras, muito diversas da significação, a uma mesma ideia, certa confusão, sem dúvida pouco importante para os Espíritos desmaterializados, mas que, entre os encarnados, dá lugar a discussões, que seria interessante fazer cessar por uma definição clara e precisa e explicações fornecidas pelos Espíritos Superiores, e que fixasse, de modo irrevogável, este ponto da Doutrina”. Opina Allan Kardec: -“A distinção estabelecida pelo autor da nota, entre o caráter da expiação e o das provas é perfeitamente justa. Contudo não poderíamos partilhar de sua opinião no que concerne à aplicação desta teoria à situação do homem na Terra. A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumível, porque o que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas. Em certos casos, a prova se confunde, com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá que recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência no primeiro; a segunda prova é, assim, uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se se conduzir bem, a pena é ao mesmo tempo uma expiação por sua falta, e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver melhor, sua prova é nula e um novo castigo conduzirá a uma nova prova. Agora, se considerarmos o homem sobre a Terra, vemos que ele aí suporta males de toda sorte e, por vezes, cruéia. Esses males tem uma causa. Ora, a menos que se os atribua a um capricho do Criador, é-se forçado a admitir que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser resultado de nossas virtudes. Então tem sua fonte nas nossas imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, as honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais e pode-se dizer que é punidopor onde pecou. Mas que dizer daquele que, após o nascimento, está a braços com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, quer uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista  do nosso correspondente, porque se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Assim, há que buscar alhures a solução da questão. Como todo efeito em uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter a sua; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo-se a Justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta e provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes o mal que sentimos é o castigo, a expiação, a maneira porque o suportamos é a prova. (...). Em resumo, se certas situações da vida humana tem, mais particularmente, o caráter de provas, outras, incontestavelmente, tem o de expiação, e toda expiação pode servir de prova”.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

NÃO SERÁ SURPRESA

Acompanhando dia destes a conversa entre jovens na faixa dos trinta anos, observei o interesse demonstrado por todos a respeito de série veiculadas por canais de televisão pagos abordando as aventuras de vampiros, de zumbis, entre outros personagens surreais, acompanhadas com interesse crescente nos capítulos semanais que os levam a realisticamente percorrer os cenários semelhantes aos da nossa realidade, criados, muitas vezes, pela prodigiosa computação gráfica. Uma verdadeira “doutrinação” que leva todos a se sintonizarem com os Seres que inspiraram seus “criadores”.  Assim, o “desembarcar” no Mundo Espiritual ao final da viagem chamada morte não significará realmente uma surpresa. Mesmo para os que dispõem de alguma informação resultante dos estudos feitos em torno das supostas realidades consideradas pelas principais escolas religiosas do passado e do presente. O médium Chico Xavier que se notabilizou pelo impressionante acervo construído por seu intermédio, num grupo de pessoas que lhe perguntaram sobre a posição ocupada no Além pelas criaturas desencarnadas que não foram más e que também não se interessaram pelo conhecimento das coisas espirituais durante a vida, respondeu que “oitenta por cento das pessoas, que desencarnam, voltam-se para a retaguarda sem condições de ascenderem aos planos elevados. Apenas vinte por cento gravitam para os Planos mais altos. A maioria delas, portanto, fica vinculada aos familiares e amigos”. Como Allan Kardec afirma em um de seus comentários, varia ao infinito o estado feliz ou infeliz dos que chegam ao Plano Invisível, dependendo de sua maior ou menor ligação com as questões materiais, o meio de onde procede, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as percepções que possuir”. Planos  e sub planos se estruturam dentro das grandes Esferas que circundam o Planeta. Verdadeiros Universos Paralelos como vai desvendando a Física Quântica. O médium Efigênio Vitor que prestou importantes serviços na seara compreendida pelos trabalhos inspirados pelo Espiritismo, através de Chico Xavier, relata que “acima da crosta terrestre, temos um cinta atmosférica que classificamos por ‘cinta densa’, com a profundidade aproximada de 50 quilômetros, e, além dela, possuímos a ‘cinta leve’, com a profundidade aproximada de 950 quilômetros, somando 1000 quilômetros acima da Esfera em que respiramos”, acrescentando que “nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos exemplares de almas desencarnadas, junto de variadas espécies de criaturas sub-humanas, em desenvolvimento mental no rumo da Humanidade”, possibilitando assim “milhões de Espíritos alimentam-se da atmosfera terrestre, demorando-se, por vezes, muito tempo, na contemplação íntima de suas próprias visões e criações, nas quais habitualmente se imobilizam, à maneira da alga marinha que nutre a si mesma, absorvendo os princípios do mar”. Numa impactante narrativa do Espírito André Luiz, através de Chico Xavier, no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (1945,feb),  descrevendo uma atividade socorrista por ele acompanhada, conta: “-Pelas vibrações ambientes, reconheci que o lugar era dos mais desagradáveis que conhecera, até então, em minha nova fase de esforço espiritual. (...). Via numerosos grupos de entidades francamente inferiores que se alojavam aqui e ali. Diante do local em que se processava a matança dos bovinos, percebi um quadro estarrecedor. Grande número de desencarnados, em lastimáveis condições, atiravam-se aos borbotões de sangue vivo, como se procurassem beber o líquido em sede devoradora. (...) Pela deplorável situação de embrutecimento e inferioridade, estão sugando as forças do plasma sanguíneo dos animais”. Noutro momento do mesmo livro, encontramos comentário: -“Os criminosos de vários matizes, os fracos de vontade, os aleijados do caráter, os doentes voluntários, os teimosos e recalcitrantes de todas as situações e de todos os tempos integram comunidades de sofredores e penitentes do mesmo padrão, arrastando-se, pesadamente, nas regiões invisíveis ao olhar humano. Todos eles, segregam forças detestáveis e criam formas horripilantes, porque toda matéria mental está revestida de força plasmadora e exteriorizante”. Respondendo sobre as dificuldades para viabilizar o processo da fecundação nos casos em que ela merece maior atenção pela tarefa a ser desenvolvida pelo candidato a reencarnar, o Instrutor Alexandre, esclarece que “as vibrações contraditórias e subversivas das paixões desvairadas da alma em desequilíbrio, comprometem os melhores esforços e, muitas vezes, nessas paisagens de irresponsabilidade e viciação, para ajudar, em obediência ao nosso trabalho, deve-se, antes de tudo, lutar contra entidades monstruosas, dominadoras dos círculos de vida dos homens e das mulheres que, imprevidentemente, escolhem o perigoso caminho da perturbação emocional, onde tais entidades ignorantes e desequilibradas transitam”. Embora ligando as mentes dos que as assistem aos Seres e ambientes recriados nas telas, as séries também preparam o retorno de muitos que nelas se ligam.




segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

NÃO CONFIAR CEGAMENTE

Na mesma intensidade em que se multiplicam médiuns e livros assinados por Espíritos com nomes que com suas vidas e histórias marcaram presença na história da Humanidade em nossa Dimensão, surgem revelações” e informações admitidas como verdadeiras embora o absurdo de seu teor. Seus autores, intermediários e muitas vezes editores, parecem pouco se preocupar, movidos por interesses que variam da exaltação do personalismo e da vaidade ao resultado do negócio em que se transformou o livro espírita ou de conteúdo espiritual. Falta estudo, análise, bom senso e fidelidade doutrinária. Cabe a cada um, portanto, desenvolver senso crítico que permita avaliação segura dos conteúdos apresentados. O grande divulgador da mensagem do Cristo, Paulo de Tarso, orientou em suas cartas que devemos “analisar tudo, retendo o que é bom”, ressaltando que “tudo é lícito, mas, nem tudo me convém”. que se aplica à situação exposta diante da própria recomendação de Jesus sobre “os falsos Cristos e falsos Profetas”. Através de Allan Kardec, encontramos algumas orientações da própria Espiritualidade sobre a melhor maneira de nos posicionarmos diante de certas novidades que circulam no meio espírita brasileiro. Sobre se existem sinais através dos quais podemos reconhecer a superioridade ou inferioridade dos Espíritos, sugerem como primeiro critério sua linguagem, como distinguimos um estouvado de um homem sensato. Outro detalhe a ser observado dito pelos organizadores da base do Espiritismo são as contradições em que os Espíritos Superiores nunca incorrem. O terceiro: só tratam de boas coisas, só querem o Bem, sua maior preocupação. Já os Espíritos inferiores estão ainda dominados pelas ideias materiais. Suas manifestações refletem sua ignorância e sua imperfeição, o que não acontece com os Superiores que, além de conhecer todas as coisas, julgam-nas sem paixão. Indagados se o conhecimento científico de um Espírito é sempre uma prova de sua elevação, esclarecem que não, porque se ainda estiver sob a influência da matéria pode ter nossos vícios e preconceitos, marcadas pela inveja e orgulho excessivos. Advertem que os que morrem alimentando fortes paixões, envoltas numa atmosfera que mantém todas essas coisas más e que esses Espíritos semi-imperfeitos são mais temíveis que os Espíritos maus, porque, na sua maioria, juntam a astúcia e o orgulho à inteligência. Pelo seu pretenso saber, se impõem às pessoas simples e aos ignorantes, que aceitam sem exame as suas teorias absurdas e mentirosas. Embora essas teorias não possam prevalecer contra a Verdade, não deixam de produzir um mal momentâneo porque entravam a marcha do Espiritismo e porque os médiuns se enganam ingenuamente quanto ao mérito das comunicações que recebem. Este o ponto que requer grande estudo de parte dos espíritas esclarecidos e dos médiuns. Para distinguir o verdadeiro do falso é que devemos convergir toda a nossa atenção. A propósito daqueles Espíritos protetores que se apresentam com o nome de santos ou personagens conhecidos, consideram que todos os nomes de santos e de personagens conhecidos não bastariam para designar o protetor de cada criatura, sendo poucos os Espíritos de nomes conhecidos na Terra. Esclarecem que quase sempre os Espíritos protetores não dão seus nomes, contudo, como na maioria das vezes queremos um nome, para nos satisfazer eles usam o de um homem que conhecemos e respeitamos, o que se constitui numa fraude somente quando o Espírito tem a intenção de enganar. Quanto ao grande número de Espíritos comunicantes que tomam nomes de santos, reiteram que se identificam com os hábitos daqueles a quem se dirigem, tomando os nomes mais aptos a melhor impressionar o homem, de acordo com as crenças deste. Questionados sobre como os Espíritos elevados permitem a Espíritos de baixa classe usar nomes respeitáveis para semear o erro, explicaram que não é com sua permissão que o fazem e que serão punidos proporcionalmente à gravidade da impostura. Ressaltam que se não fossemos imperfeitos só teríamos Espíritos bons ao nosso redor, e, que se somos enganados não o devemos senão a nós mesmos, situação permitida para provar nossa perseverança e discernimento, nos ensinando a distinguir a verdade do erro. Se não o fazemos é porque não estamos suficientemente elevados, necessitando ainda das lições da experiência. Previnem não ser suficiente a boa intenção para não ser enganado, o que minimiza o efeito negativo da mistificação, situação resultante das esquisitices que atraem os Espíritos zombeteiros. Destacam que o homem julga-se forte e quase nunca o é, devendo desconfiar, pois isso mesmo, da franqueza proveniente do orgulho e dos preconceitos. Não se levam em conta essas duas causas de que os Espíritos se aproveitam, pois lhes agradando as manias, estão seguros de conseguir o que desejam.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

MAIS UMA NOVA PROVA

-“Existem duas coisas no Espiritismo: a parte experimental das manifestações, e a doutrina filosófica, a primeira se utilizando do médium que fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos e, a segunda, consequente das revelações sobre o primeiro”, podemos concluir de escritos de Allan Kardec em textos por ele elaborados. No tempo em que lhe foi possível, o iniciador das pesquisas sobre essa realidade extraordinária que precede e sucede a nossa, procurou avançar em todas as frentes. Uma das com que pretendia confirmar a existência do Espírito a comandar o corpo físico, foi a comunicação entre os chamados vivos, através da mediunidade cujas descrições e relatos muito interessantes podem ser obtidos na publicação periódica mantida entre os anos 1858/1869 demonstrando, por exemplo, a lucidez do portador de deficiências mentais, bloqueado em sua possibilidade de expressão por restrições meramente fisiológicas. Algumas analisadas a partir de correspondência por ele recebida de outros pesquisadores também empenhados no aprofundamento dos temas espirituais. Na REVISTA ESPÍRITA, edição de janeiro de 1865, encontramos um caso. Trata-se da contribuição de um membro da Sociedade Espírita de Paris, o Sr. Rul reportando experiência levada a efeito em 1862 com um jovem surdo-mudo de doze a treze anos. Segundo ele, desejoso de fazer uma observação, perguntou aos guias protetores se seria possível evocá-lo e, tendo resposta afirmativa, fez o rapaz vir ao seu quarto e instalou-o numa poltrona, com um prato de uvas, que ele se pôs a devorar. Por sua vez, postou-se diante de uma mesa, orou, e, como de hábito fez a evocação. Ao cabo de alguns instantes sua mão estremeceu, escrevendo: -“Eis-me aqui”. Olhou o menino. Estava imóvel, os olhos fechados, calmo, adormecido, com o prato sobre os joelhos. Tinha cessado de comer. Perguntando-lhe onde estava, ouviu que “em vosso quarto, em vossa poltrona”. Indagado sobre a razão de ser surdo mudo de nascença, respondeu ser uma expiação de crimes passados, na condição de parricida. Questionado sobre se sua mãe, a quem amava tão ternamente, não teria sido ou mesmo seu pai, na existência de que falava, o objeto do crime cometido, silenciou, a mão ficou imóvel, vendo, ao olhar para o menino que acabava de despertar, voltando a comer as uvas com apetite. Pedindo aos Guias Espirituais que explicassem o que acabava de acontecer, explicaram: -“Ele deu os ensinamentos que desejavas e Deus não permitiu que te desse outros”. Comentando o material recebido, Allan Kardec pondera: -“Faremos outra observação a respeito. A prova da de identidade resulta do sono provocado pela evocação, e da cessação da escrita no momento de despertar. Quanto ao silêncio guardado na última pergunta, prova a utilidade do véu lançado sobre o passado. Suponhamos que a mãe atual desse menino tenha sido sua vítima em outra existência, e que este tenha querido reparar seus erros pela afeição que lhe testemunha: a mãe não seria dolorosamente afetada se soubesse que seu filho foi seu assassino? Sua afeição por ele não ficaria alterada? Foi-lhe permitido revelar a causa da enfermidade, como assunto de instrução, a fim de nos dar uma prova a mais que as aflições daqui tem uma causa anterior, quando não esteja na vida presente, e que assim tudo é segundo a justiça. Mas o resto era inútil e teria podido chegar aos ouvidos da mãe. Por isto os Espíritos o despertaram, talvez no momento em que ia responder. (...). Deve concluir-se que todos os surdos-mudos tenham sido parricidas? Seria uma consequência absurda, porque a Justiça de Deus não está circunscrita em limites absolutos, como a Justiça humana. Outros exemplos provam que esta enfermidade por vezes resulta do mau uso que o indivíduo tenha feito da faculdade da palavra. Mas perguntarão: a mesma expiação para duas faltas tão diferentes na sua gravidade, é de justiça? Os que assim raciocinam ignoram que a mesma falta oferece infinitos graus de culpabilidade, e que Deus mede a responsabilidade pelas circunstâncias? Aliás, que sabe se esse menino, supondo seu crime sem escusas, não sofreu duro castigo no Mundo dos Espíritos, e se seu arrependimento e seu desejo de reparar não reduziram a expiação terrena a uma simples enfermidade? Admitindo, a título de hipótese, pois o ignoramos, que sua mãe atual tenha sido sua vítima, se não mantivesse com ela a resolução de reparar sua falta pela ternura, é certo que um castigo mais terrível o esperaria, quer no Mundo dos Espíritos quer numa nova existência. A Justiça de Deus jamais falha e, por ser às vezes tardia, nada perde por esperar. Mas Deus, em sua Infinita Bondade, jamais condena de maneira irremissível, e sempre deixa aberta a porta do arrependimento. Se o culpado demora a aproveitá-lo, sofrerá por mais tempo. Assim, dele depende abreviar seus sofrimentos. A duração do castigo é proporcional à duração do endurecimento. É assim que a Justiça de Deus se concilia com sua bondade e seu amor 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

OS ESPÍRITOS DO SENHOR

No excelente Evangelho atribuído ao Apóstolo João, o autor informa no início do capítulo 13 que Jesus já sabia “ter chegado sua hora de passar deste mundo para o Pai”, e,  ao final de elucidativo dialogo ocorrido naquela que ficou conhecida como a última ceia,  seus seguidores mais próximos  comentaram   “eis que agora falas abertamente, e não dizes parábola alguma”. Tudo detalhadamente preservado dos capítulos 13 ao 17.  A certa altura do revivido no 14, o Mestre dos Mestres afirma: - “E eu rogarei a Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de Verdade, que o mundo pode receber, porque não o vê nem conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós (...). Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito”. Os séculos correram,  escrevendo-se uma história em torno da mensagem dele marcada pela violência, opressão, lutas renhidas pelo poder,  O ciclo evolutivo compreendido como Era de Peixes, se aproximava do final quando na inovadora e revolucionária França do século 19, um arguto professor  enxerga em fenômenos insólitos a possibilidade de esclarecer  uma série de mistérios até então indecifráveis. E, através dos diálogos estabelecidos com Inteligências pertencentes a outra realidade chamada Espiritual, ai construindo a base de proposta fundamentada na lógica e racionalidade possível à época ao pensamento humano. Entre as mensagens por elas oferecidas, uma ao que tudo indica, se encaixa na promessa daquela fatídica noite pelo seu teor: - Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos céus, como um imenso exército que se movimenta ao receber a ordem de comando espalha-se sobre toda a face da Terra. Semelhantes a estrelas cadentes, vem iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos. Embora faça parte dos textos publicados em nome da nova proposta originalmente denominada Espiritismo, não condiciona a ele esse trabalho de despertamento das criaturas humanas e milhares de Espíritos do Senhor,  vão se servindo de outros tantos visíveis pela condição de encarnados para acelerar a evolução da estagnada Humanidade. Os indicadores estão nas aberturas políticas, fim das monarquias, revolução industrial, surgimento da tecnologia, no esforço para eliminar o trabalho escravo, na busca de uma compreensão além da fisiológica ou mecanicista para a vida humana. Em todas as áreas, mentes brilhantes se esforçam em busca do novo, na verdade, refletindo os programas e planejamentos dos bastidores da evolução, Isso fica claro na revelação contida numa das obras que falam da proposta espírita: “Quando é chegado o tempo de uma descoberta, os Espíritos encarregados de dirigir-lhe a marcha procuram o homem capaz de conduzi-la a bom termo, e lhe inspiram as ideias necessárias, de maneira a deixar-lhe todo o mérito, porque, essas ideias, é preciso que as elabore e as execute. Ocorre o mesmo com todos os grandes trabalhos da inteligência humana”.  Em outro momento explicam que “artistas, sábios, literatos, são sem dúvida, Espíritos capazes por si mesmos de compreender e de conceber grandes coisas; ora, é precisamente por que são julgados capazes que os Espíritos que querem o cumprimento de certos trabalhos, lhes sugerem as ideias necessárias, e é assim que, o mais frequentemente, são médiuns sem o saberem. Tem, no entanto, uma vaga intuição de uma assistência estranha, porque quem apela para a inspiração, não faz outra coisa senão uma evocação”. Seria tudo facilitado se a condição de muitos dos que reencarnam para o trabalho da evolução coletiva não se desviassem de seus propósitos extravasando pelo livre arbítrio suas próprias pretensões e presunção. Isso se pode deduzir de resposta oferecida pelo Espírito Gabriel Delanne, um dos mais destacados continuadores de Allan Kardec, em entrevista com ele feita em 20 de agosto de 1965,  quando da passagem dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira e da comitiva espiritual que os acompanhava com finalidades de intercâmbio. Questionado, sobre os maiores percalços para a expansão da Doutrina Espírita, opina: - Em nossa opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ESQUECIMENTO DO PASSADO: ONDE A LÓGICA DISTO?


-“Não compreendo como o homem pode aproveitar a experiência adquirida em suas experiências anteriores, se não lembra delas, pois, desde que ele não se recorda, cada existência é como se fosse a primeira, e é assim sempre, ao recomeçar. Suponhamos que cada dia, ao acordarmos, perdêssemos a memória do que fizemos na véspera. Não estaríamos mais avançados aos setenta do que aos dez anos; ao passo que, lembrando-nos de nossos erros, nossas inépcias, e as punições em que incorremos, procuramos não recomeçar. Para servir-me da comparação do homem na Terra, com o aluno de um colégio, eu não compreenderia como esse aluno pudesse aproveitar as lições do quarto ano, por exemplo, se não se recordasse do que aprendeu no terceiro. Essas soluções de continuidade, na vida do Espírito, interrompeu todas as relações, e fazem dele, de certo modo, um novo Ser. Donde se pode dizer que a nossa mente morre em cada existência para renascer sem consciência do que fomos. Isso é uma espécie de negação”. O argumento bastante lógico foi apresentado a Allan Kardec que, também de forma lógica, respondeu: -No Espiritismo tudo se encadeia, e quando estudamos o conjunto, vemos que os princípios decorrem uns dos outros, servindo-se mutuamente de apoio. E então o que parecia uma anomalia contrária à justiça e à sabedoria de Deus, parece completamente natural, vindo confirmar esta justiça e esta sabedoria. Tal é o problema do esquecimento, que está ligado a outras questões de igual importância. Eis porque o tratarei apenas superficialmente aqui. Se, em cada existência, é lançado um véu sobre o passado, o Espírito nada perde do que adquiriu no passado: só esquece a maneira como o adquiriu. Para servir-me da comparação do estudante, diria que pouco lhe importa saber onde, como, e com quais professores ele fez o terceiro ano, se chegando ao quarto sabe o que se ensinou no terceiro. Que lhe importa saber se foi castigado por sua preguiça ou sua insubordinação, se esses castigos tornaram-no trabalhador e dócil? É assim que, ao reencarnar, o homem traz, por intuição e como ideias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade. Digo em moralidade, pois se, durante uma existência ele melhorou, se aproveitou as lições da experiência, quando voltar será instintivamente melhor. Seu Espírito, amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais solidez. Longe de ter tudo a recomeçar, ele possui um capital cada vez mais rico, sobre o qual se apoia para adquirir mais. (...) O esquecimento temporário é um benefício da Providência. A experiência é muitas vezes adquirida por rudes provas e terríveis expiações, cuja lembrança seria muito penosa e viria somar-se às angústias das tribulações da vida presente. Se os sofrimentos da vida parecem longos, o que seria então se sua duração aumentasse com a lembrança dos sofrimentos do passado? O senhor, por exemplo, é hoje um homem honesto, mas o deve talvez a rudes castigos que suportou por crimes que agora repugnariam sua consciência. Ser-lhe-ia agradável recordar-se de haver sido enforcado pelo que fez? Não o perseguiria a vergonha ao pensar que o mundo soubesse o mal que cometeu? Que lhe importa o que tenha podido fazer e sofrer para expiá-lo, se agora é um homem respeitável? Aos olhos do mundo é um novo homem e aos olhos de Deus um Espírito reabilitado. Liberto da lembrança de um passado inoportuno, age com mais facilidade. É um novo ponto de partida; suas dívidas anteriores estão pagas, está em si não contrair novas. (...). Suponhamos ainda um caso muito comum, que nas suas relações, em seu próprio lar, encontra-se um Ser contra o qual tinha queixas, que talvez o tivesse arruinado ou desonrado em outra existência, e que, Espírito arrependido, venha a encarnar em seu meio, unir-se ao senhor por laços de família para reparar seus erros pelo devotamento e a afeição. Não estariam ambos na mais dificil situação, se os dois se recordassem de sua inimizade? Em lugar de se apaziguarem, eternizariam o ódio. Conclua daí que a lembrança do passado traria perturbações às relações sociais e seria um entrave ao progresso. Deseja uma prova atual disso? Se um homem condenado à prisão tomasse a firme resolução de tornar-se honesto, que aconteceria quando saísse? Seria repelido pela sociedade, e esta repulsa, quase sempre o mergulharia novamente no vício. Suponhamos, ao contrário, que todos ignorem seus antecedentes. Seria bem acolhido. Se ele próprio os pudesse esquecer não seria menos honesto e andaria de cabeça erguida, em lugar de curvá-la sobre a vergonha das recordações.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

ESPIRITISMO É RELIGIÃO? KARDEC ESCLARECE

A discussão sobre se o Espiritismo é ou não religião, volta a ficar em evidência de tempos em tempos. Ao tempo de Allan Kardec não parecia ser diferente como podemos constatar em matéria incluída na edição de dezembro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA. Argumenta Kardec: -“Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento seja uma força; mas é uma força puramente moral e abstrata? Não; do contrário não explicariam certos efeitos do pensamento. Para compreender, é preciso conhecer as propriedades e a ação dos elementos que constituem a nossa essência espiritual, e é o Espiritismo que no-las ensina. O pensamento é atributo característico do Ser espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria.; sem o pensamento, o Espírito não seria Espírito. A vontade não é atributo especial do Espírito; é o pensamento chegado a certo grau de energia; é o pensamento tornado força motriz. É pela vontade que o Espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos num determinado sentido. Mas se ele tem a força de agir sobre os órgãos materiais, como não deve ser esta força sobre os elementos fluídicos que nos cercam. O pensamento age sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode, pois, dizer-se com toda a verdade que há nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundir, como há no ar ondas e raios sonoros. Uma assembleia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos em que cada um produz a sua nota. Resulta daí uma porção de correntes e de eflúvios fluídicos, cada um dos quais recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição. (...) Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; é aí, com efeito, que esta deve e pode exercer toda a sua força, porque o objetivo deve ser o desprendimento do pensamento das garras da matéria. Infelizmente, em sua maioria, se afastam desse princípio, à medida que faziam da religião uma questão de forma. (...). Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças. Consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. É neste sentido que se diz: a religião política; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra religião não é sinônima de opinião; implica uma ideia partícula; a da fé conscienciosa; eis porque se diz também; a fé política. Ora, os homens podem envolver-se, por interesse num partido, sem ter fé nesse partido, e a prova é que o deixam sem escrúpulo, quando encontram sem interesse alhures, ao passo que aquele que o abraça por convicção é inabalável; persiste à custa dos maiores sacrifícios e é a abnegação dos interesses pessoais que é a verdadeira pedra de toque da fé sincera. (...). O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é pois, um laço essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao Espírito. (...). Se assim é, perguntarão: -Então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da Natureza. Porque, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Porque não há uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e de abusos contra os quais tantas e tantas vezes se levantou a opinião pública. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral”.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

TESTEMUNHO DE AMOR


A médium Eni de Carvalho, apesar de abalada pela morte de sua mãe e de um sobrinho muito próximo, não teve como dizer não ao pedido de uma amiga para que conversasse com um pai que havia perdido de forma trágica o filho alguns meses antes. Confessa que ao ver aquele senhor chorar e soluçar, reprimiu suas próprias angústias, pedindo a Deus uma forma de acalmá-lo, e quem sabe, trazê-lo de volta à vida. O rapaz, 19 anos, chamado Antonio Carlos Borelli Junior, viajava com o pai, a mãe e um sobrinho em direção à capital paulista onde, no dia seguinte, iniciaria sua atividade de aeronauta em grande companhia aérea, através da qual procuraria seguir as pegadas do pai, experiente comandante de grandes aeronaves.  O acidente ocorreu logo após terem retomado a viagem, depois de haverem jantado, tendo Junior assumido a condução do veículo a pedido do pai. Ao acessarem um desvio da estrada que estava sendo duplicada, uma barra de ferro desprendeu-se de um caminhão que ia à frente, transpassando o vidro no lado do motorista, atingindo o jovem, impondo-lhe a morte violenta. Quase quatro meses depois, a mediunidade de Dona Eni, abriria um canal de comunicação entre os dois planos da Vida, permitindo a Junior iniciar a transmissão de uma série de cartas endereçadas aos pais, relatando o que aconteceu depois que, como disse, “visse aquela lança de fogo vindo em sua direção”. Conta que “antes de tocá-lo, foi sugado do corpo e nada viu ou sentiu, passando de uma vida para outra com a mesma naturalidade de quem troca de camisa, sem pânico, sem dor, sem traumas, acordando num hospital onde o trataram com extremo carinho, o que favoreceu sua rápida recuperação”. À medida em que suas mensagens foram se sucedendo, muitas surpresas foram sendo oferecidas pelo moço aos pais, infundindo-lhes a certeza de que a vida continuara para o filho além do horrível acidente de que foram vítimas, ele fatal e eles como testemunhas. Descreve a beleza da região em que se localiza o Hospital em que acordou, sua ideia de ser um local de tratamento na nossa Dimensão mesmo, onde fora internado, supondo, a princípio, haver escapado de ter sido atingido pelo objeto que viu vir em sua direção; estranha a existência em seu quarto de apetrechos como os que conhecia como balões de oxigênio ou mesmo um telefone com que pudesse se comunicar com os familiares que encontravam-se recolhidos à sua tão conhecida casa. Após dias de convalescença, vai, aos poucos, conhecendo mais detalhes do edifício em que se instalava a casa de saúde em que estava internado; foi apresentado a outros jovens que, como ele, viam-se intrigados sobre onde estavam atemorizados ante a perspectiva de haverem “morrido” para a realidade a que se ligavam, decidindo-se por ouvir a senhora que o acompanhava desde que despertara, chamada carinhosamente vovó Marieta. Inteira-se então da grande mudança que se operara em sua vida, recorda-se das leituras que sua mãe fazia na área espiritualista, pressente o sofrimento em que deviam estar seus entes mais queridos, questiona sobre uma eventual comunicação como a que soubera ser possível assistindo a novela A VIAGEM, à época sendo levada ao ar por emissora de televisão. Tendo alta, apresentado a alguém chamado José Henrique, passa a ser por ele acompanhado, ampliando seus conhecimentos sobre a Colônia em que passara a residir , até que, certo dia, todas as suas dúvidas sobre tudo aquilo não ser um sonho, se dissipam ao encontrar-se com seu tio materno Geraldo e seus avós – o paterno e a materna -, que sabia já não pertencerem ao mundo dos chamados “vivos”. No diálogo estabelecido, após as compreensíveis emoções do momento, inteira-se de detalhes que marcaram a passagem ou desligamento de cada um deles do mundo de ilusões em que viveram quando ligados ao corpo físico. Sua avó, devotada religiosa, relata sua dificuldade de abandonar o lar em que vivia; o tio conta suas apreensões ao se ver preso e perseguido em durante fuga espetacular da zona de desregramentos em que se consumira no campo da sexualidade. Inteira-se do estado emocional deplorável em que se encontravam os entes queridos deixados na realidade mais material da Terra, onde acumulamos algumas experiências para daí sair no trabalho incessante da evolução. Todo material foi transformado num livro praticamente desconhecido no meio espírita, TESTEMUNHO DE AMOR, de grande valor para o trabalho de despertamento sobre as ignoradas verdades espirituais que nos marcam a existência.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ESPIRITISMO : PROVAS DA SUA VERDADE

-“Todos os que de Deus receberam a missão de ensinar a verdade aos homens tem provado sua missão por meio de milagres. Por quais meios o senhor prova a verdade de seu ensino?”. A pergunta foi formulada por um sacerdote e originou matéria inserida na edição de fevereiro de 1862, da REVISTA ESPÍRITA. Em meio aos argumentos apresentados por Allan Kardec, destacamos: -“O Espiritismo não se apoia em nenhum fato miraculoso; seus adeptos não fizeram, nem tem a pretensão de fazer qualquer milagre; não se julgam bastante dignos para que à sua voz, Deus mude a ordem eterna das coisas. O Espiritismo constata um fato material – o da manifestação das almas ou Espíritos. Tal fato é ou não é real? Eis a questão. Ora, nesse fato, admitido como verdadeiro, nada há de miraculoso. Como as manifestações desse gênero – tais como as visões, as aparições e outras – ocorreram em todos os tempos, como bem o atestam os historiadores sacros e profanos e os livros de todas as religiões, aquelas de outrora passaram como sobrenaturais. Hoje, porém, que se lhes conhece a causa, que se sabe são produzidas em virtude de certas leis, sabe-se, também, que lhes falta o caráter essencial dos fatos miraculosos – o da exceção à lei comum. Observadas em nossos dias com mais cuidado que na Antiguidade; observadas sobretudo sem prevenções e com o auxílio de investigações tão minuciosas quanto as que são feitas nos estudos científicos, tais manifestações tem como consequência provar, de modo irrecusável, a existência de um princípio inteligente fora da matéria, a sua sobrevivência ao corpo, a sua individualidade após a morte, a sua imortalidade, o seu futuro feliz ou infeliz – por conseguinte, a base de todas as religiões.(...). Voltemos às provas da verdade do Espiritismo. Há duas coisas no Espiritismo: o fato da existência dos Espíritos e de suas manifestações; e a doutrina daí decorrente. O primeiro ponto não pode ser posto em dúvida senão pelos que não viram ou não quiseram ver. Quanto ao segundo a questão é de saber se essa Doutrina é justa ou falsa. É uma questão de apreciação. Se os Espíritos só manifestassem sua presença por meio de ruídos, movimentos e, numa palavra, por efeitos físicos, isto não provaria grande coisa, pois não saberíamos se são bons ou maus. O que, sobretudo, é característico neste fenômeno, o que é de natureza a convencer os incrédulos, é o poder de reconhecer parentes e amigos entre os Espíritos. Mas, como podem os Espíritos atestar a sua presença, a sua individualidade e permitir o julgamento de suas qualidades, senão falando? Sabe-se que a escrita pelos médiuns é um dos meios que eles empregam. Desde que tem um meio de exprimir suas ideias, podem dizer o que quiserem. Conforme o seu adiantamento, dirão coisas, mais ou menos, boas, justas e profundas. Ao deixar a Terra, não abdicaram do livre arbítrio: como todos os seres pensantes, tem suas opiniões; como entre os homens, os mais adiantados dão ensinamentos de alta moralidade, conselhos marcados de profunda sabedoria. São esses ensinamentos e esses conselhos que, recolhidos e ordenados, constituem a Doutrina Espírita, ou dos Espíritos. Se quiserdes, considerai essa doutrina não como uma revelação divina, mas como a expressão de uma opinião pessoal deste ou daquele Espírito. A questão é de saber se é boa ou má, justa ou falsa, racional ou ilógica.  A quem procurar para isto? O julgamento de um indivíduo? Mesmo de alguns indivíduos? Não. Porque, dominados pelos preconceitos, ideias preestabelecidas ou interesses pessoais, eles podem enganar-se. O único e verdadeiro juiz é o público, porque aí não há interesse de camarilha, e porque nas massas há um bom senso inato, que se não equivoca. Diz a lógica sadia que a adoção de uma ideia ou princípio pela opinião geral é prova de que repousa sobre um fundo de verdade. Os Espíritas não dizem: ‘-Eis uma doutrina saída da boca do próprio Deus, revelada a um só homem por meios prodigiosos e que deve ser imposta ao gênero humano’. Ao contrário, dizem: -“Eis uma doutrina que não é nossa, cujo mérito não reivindicamos. Adotamo-la porque a achamos racional’. Atribuí sua origem a quem quiserdes.: a Deus, aos Espíritos, aos homens. Examinai-a. Se vos convier, adotai-a. Caso contrário, pode-a de lado”. Não se pode ser menos absoluto. O Espiritismo não vem usurpar a religião; ele não se impõe; não vem forçar as consciências (...). O Espiritismo não quer constituir-se num grupo à parte: pelos meios que lhe são próprios, ele reconduz os que se afastam. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

AINDA FALTA INFORMAÇÃO

Os números não mentem: o Brasil já ostenta o oitavo lugar em casos de suicídio entre os países monitorados pela OMS – Organização Mundial de Saúde. A Associação Brasileira de Psiquiatria considera que 17% da população do nosso País, já pensou, em algum momento, em cometer o suicídio. Fatores como perda financeira ou de emprego, dor crônica ou doença, falta de esperança, histórico familiar, abuso de álcool ou outras substâncias viciantes, distúrbios de humor, esquizofrenia, distúrbios de personalidade, estão entre os mais considerados na análise do problema. Acredita-se atualmente que alterações no funcionamento do cérebro determinados pelo “stress” ou outros processos de mudanças epigenéticas nos genes e na regulação da emoção e do comportamento causadas por mudanças no sistema de neurotransmissores, podem originar ideias ou impulsos suicidas. Naturalmente nenhumas das publicações oficiais consideram a hipótese da anterioridade da vida do indivíduo. Talvez somente aqueles que se dedicam à restauração da saúde mental usando os caminhos das Terapias de Vidas Passadas, consideram elementos transcendentes para explicar ou justificar compulsões na área da autodestruição. O Espiritismo, revela que o traumatismo derivado de suicídio em outras vidas, mantém-se latente na memória integral do indivíduo, ressurgindo na mesma idade cronológica em que tal atitude foi levada a termo no passado, tentando-o a repetir a fuga aos problemas existenciais. Mostra ainda a ação de entidades desencarnadas, influenciando progressivamente o individuo no fluxo inestancável de sua atividade mental, a ponto de, minar-lhe as resistências morais, até o ponto de subjugá-lo na execução do ato extremo. Cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier, no inigualável acervo construído através dos anos de atendimento de familiares desesperados que o procuravam, demonstram a coautoria de Espíritos obsessores nas ações dramáticas do encarnado vitimado, que, por fim, constata que não só não resolveu o problema que o angustiava como continuava vivo com as repercussões causadas ao corpo físico de que se servia na encarnação de que deserta. Os estudiosos concordam que os suicidas estão passando invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, sua percepção da realidade, interferindo em seu livre arbítrio. Estão certos. Afinal, construímos permanentemente nossa realidade, sendo perseguidos pelos efeitos que nós mesmos causamos na nossa caminhada evolutiva. E, pelo que observa a Doutrina Espírita, tais efeitos são atenuados pelas circunstâncias, visto que o impacto daquilo a que fazemos jus pelas opções equivocadas do passado, dificilmente seria suportado se recaísse sobre nós de uma vez. Limitações físicas, mentais, deformações, membros superiores ou inferiores atrofiados ou mutilados desde a vida intrauterina, são explicáveis pelos tipos de suicídio escolhidos outrora, como respondido pelo médium Chico Xavier em programa de entrevista de que participou. O Espírito Emmanuel, no livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS (1961;feb), na mensagem SUICÍDIO, apresenta uma série de associações bastante lógicas diante das dificuldades de entender-se muitos dos enigmáticos problemas estampados em corpos físicos por nós observados. Por sinal, amplia nosso entendimento, comentando: -“Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto (alimentação, temperamento, sobrecarga causada por dependências químicas, etc), surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma”. A médium Yvonne do Amaral Pereira, se fez instrumento para a construção de obras importantíssimas para entendermos os mecanismos utilizados pela Providência Divina nos inevitáveis programas de reabilitação de Espíritos de suicidas. Entre elas, o clássico MEMÓRIAS DE UM SUICIDA do Espírito Camilo Carlos Botelho (na verdade, Camilo Castelo Branco), o atualíssimo DRAMAS DA OBSESSÃO; escrito pelo médico Adolfo Bezerra de MenezesDOR SUPREMA de Leon Tolstói. Buscando ouvir a Espiritualidade das questões 943 a 957 n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec obtém  informações do tipo “as tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados! Infelizes, ao contrário, os que esperam uma saída nisso que, na sua impiedade, chamam de sorte ou acaso. A sorte ou acaso, para me servir da sua linguagem, podem de fato favorece-los por um instante, mas somente para lhes fazer sentir mais tarde, e de maneira mais cruel, o vazio das palavras”. Creditam o suicídio, “a efeito da ociosidade, da falta de fé e geralmente da saciedade. Para aqueles que exercem suas faculdades com um fim útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente; suportam suas vicissitudes com tanto mais paciência quanto mais agem tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que os espera”.